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1350- Intenções, atuações, paradoxos e a Bioética da Beira do leito (Parte 7)

1- Paradoxo de sorites

Com qual redução de 1000 grãos, um indiscutível monte, deixa de ser um monte? Ou, de modo inverso, quanto se deve acrescentar a único grão para se tornar passível de ser chamado de monte? Cada um pode expressar um valor, uma faixa pode reunir uma maioria. Analogias médicas dizem respeito à faixa de referência de normalidade de exames – 98 mg/dl  e 100 mg/dl de glicose em jejum  comportam distintas condutas?-, a fronteiras nebulosas entre graus de gravidade clínica, a critérios de sucesso clínico apesar de ocorrência de adversidades.

A Bioética da Beira do leito chama a atenção que o respeito ao direito de autonomia pelo paciente incide sobre determinantes heteronômicos que sustentam as avaliações- qual é o nível de pressão arterial que justifica uma determinada pessoa com determinada idade e determinadas comorbidades receber a recomendação de farmacoterapia hipotensora e, por isso, é instada a consentir ou não, levando em consideração os esclarecimentos sobre prós e contras farmacodinâmicos e de prognóstico clínico? É situação onde, pela pedagogia, vale pensar pelo reverso: E se não existissem mais os medicamentos?

2- Paradoxo físico de Zeno

O ligeiro Aquiles jamais ultrapassará uma tartaruga que está adiante, porque quando ele chegar ao ponto de partida da tartaruga ela estará algo na frente e, assim, sucessivamente. O intuito é a demonstração que a lógica tem o potencial de desafiar o senso comum. A analogia médica é no âmbito da prevenção primária, ou seja, por mais que a doença tenha o potencial do avanço, as providências de evitação estarão a um passo na frente da evolução natural, ou seja, quando chega o momento previsto do agravamento natural da lesão, a prevenção já se colocou adiante. Uma “competição” que se estende entre mais cedo e mais tarde.

3- Paradoxo dos gêmeos

O paradoxo físico de Zeno pode ser associado ao paradoxo dos gêmeos, pelo qual um gêmeo termina uma viagem espacial numa velocidade próxima da luz  mais novo que o irmão que permanece na Terra. A analogia médica ´que a prevenção provoca alteração da aceleração dos processos mórbidos.

4- Paradoxo do avô

Ainda na linha da analogia com prevenção, o paradoxo do avô consiste em viajar para o passado e matar o seu avô antes de ele conhecer sua avó, o que traz, como é que você existe para executar o homicídio. A técnica de biologia molecular nomeada como CRISPR/Cas9 (Conjunto de Repetições Palindrômicas Regularmente Espaçadas em associação com a nuclease Cas9), ao permitir editar sequências de DNA no genoma representa uma “mudança do passado”, uma “negação” da ancestralidade.

5- Paradoxo de Galileu

Um objeto mais pesado que cai numa determinada aceleração pode ser desacelerado por uma junção a um objeto menos pesado, portanto mais lento na queda. Todavia, como agora a reunião dos dois objetos determina uma soma de pesos, não deveria ter a queda acelerada? A analogia médica é a associação medicamentosa que ao potencializar o sucesso da beneficência (“tratamento de maior peso”) reduz o peso relativo de eventual soma de maleficências.

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