A Bioética da Beira do leito, ao mesmo tempo em que exalta a contribuição eletrônica para maximização qualificada dos recursos da medicina, alerta para a imprescindibilidade da preservação do espírito de humanismo que exala do The Doctor. Em termos práticos, subentendendo a sabedoria de Antoine-Laurent de Lavoisier (1743-1794) em Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma, o quesito acolhimento do paciente pelo médico deve ser entendido como valia não inferior ao da aplicação da alta tecnologia. Em suma, vale enaltecer o préstimo da natureza para a aplicação humana da tecnociência.
O progresso da medicina trouxe qualidade para se pensar em termos de prevenção, a evitação de se chegar a doenças passíveis de serem prevenidas pela adoção de hábitos saudáveis e de estilos qualificados de vida, afinal, alta contribuição da inteligência humana por médico e profissionais da saúde em geral.
Tão auspicioso como poder contar cada vez mais com remédio para (quase)tudo já acontecido é investir na preservação da saúde pelo respeito à natureza, entendendo, no sentido do dito popular Prevenir é melhor do que remediar, mais inteligente do que reparar com o uso da tecnologia. Como tudo é interligado, a aplicação tecnológica da genômica como fator de prevenção ilustra como a beira do leito não admite maniqueísmos.
A Bioética da Beira do leito no contexto da inteligência artificial entende que Não sois máquinas, homens é que sois, dito por Charles Spencer Chaplin (1889-1977) deve servir de pano de fundo sempre que houver discussões sobre relevância comparativa entre aplicações na beira do leito do que é fruto da natureza e da técnica. Não nos esqueçamos das mensagens de Carlitos ao protagonizar sátira sobre desumanização ligada a máquinas em Tempos Modernos (1936).
A Bioética da Beira do leito enfatiza que os benefícios crescentes para o binômio saúde/doença determinados pelas máquinas-métodos diagnósticos e terapêuticos não devem motivar ressurgimentos de componentes do conceito tecnomecânico de René Descartes (1596-1650) sobre o ser humano – quer o médico, quer o paciente: um aparato autômato. O termo auxiliar, coadjuvante, parceiro deve ser valorizado em nome da preservação do humano do Homo sapiens que maneja o produto do Vale do Silício, um Olimpo moderno.