PUBLICAÇÕES DESDE 2014

1325- Ética não se define, pratica-se ( Parte 13)

Como o médico comunicar ao paciente na realidade das circunstâncias é desafio que William Bart Osler (1849-1919) representou em medicina é a arte da incerteza e a ciência da probabilidade. Será que as perspectivas da inteligência artificial direcionam para novas relações entre o incerto e o provável?

A Bioética da Beira do leito preconiza a imperiosidade da perfeita distinção entre ser sincero e ser honesto na comunicação médico-paciente, dois termos aparentemente sinônimos, mas cujas diferenças têm alto valor ético, moral e legal.

Fica mais aparente uma superposição quando focamos no lado negativo, ou seja, se alguém não está sendo sincero, também não está sendo honesto. Evidentemente, a beira do leito exige que as considerações se façam pelo lado positivo. Em meio às complexidades da conexão medicina-médico-paciente, o médico deve se empenhar pelo compromisso profissional de ser imparcial em relação a possibilidades evolutivas- algo que inclui, por exemplo, que o alto risco admite sucessos e que o baixo risco não significa isenção de insucessos. É honestidade perante o estado da arte.

Entretanto, fica a critério do médico, muito em função da maneira com que ocorre a conexão médico-paciente, expor sua opinião, ou seja, por mais que possa, por mais que haja um forte desejo, no íntimo sua experiência, seu “olho clínico” pende para não deve, ou vice-versa. É sinceridade. Trata-se de um “despejar do interior sem coerção do exterior”, pois o médico experiente jamais é neutro – algo como creio que vale a pena passar pelo risco elevado dado o mau prognóstico do niilismo, ou, apesar do risco baixo da intervenção, creio que a conduta expectante é mais aconselhável.

A Bioética da Beira do leito interessa-se sobremaneira pelas discussões  sobre eticidade da dualidade de comportamento, o que corresponde ao médico que seleciona o que entende mais apropriado como recomendação para o caso sem maiores menções a opções admissíveis e o que o médico faz o papel do garçom pois entrega o “menu” e aguarda a decisão do cliente sobre as opções, ficando à disposição para esclarecer conteúdos e responder a dúvidas. A primeiro atuação hierarquiza a sinceridade (desde o interior) e a segunda a honestidade (desde o exterior).

COMPARTILHE JÁ

Compartilhar no Facebook
Compartilhar no Twitter
Compartilhar no LinkedIn
Compartilhar no Telegram
Compartilhar no WhatsApp
Compartilhar no E-mail

COMENTÁRIOS

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POSTS SIMILARES