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1324- Ética não se define, pratica-se ( Parte 12)

A Bioética da Beira do leito emite reiterados alertas sobre a necessidade de discussões abrangentes e aprofundadas sobre como, especialmente o profissional novato, deve temperar com a virtude da prudência confrontos decisórios médico-paciente numa medida que proveja palatabilidade comportamental, vale dizer, sentir-se provido de segurança ética, moral e legal para “não fazer o que deveria ser feito”  não por indiferença/desleixo/incompetência, mas por respeito ao direito do paciente de manifestar-se por um Não doutor.

De modo simples, o médico oferece o útil e eficaz e o não consentimento pelo paciente impede a utilidade e a eficácia, a argumentação ética  que aprendi em cerca de três décadas de delegado do CREMESP.

Após mais de 50 anos de profissionalismo na beira do leito num hospital qualificado de ensino, posso afirmar que o desenvolver da  maturidade no proceder decisório respeitoso aos vários ângulos intervenientes tende a reduzir a sensação de alta tensão emocional. É o que se verifica, por exemplo, na habitualidade da última palavra pelo “chefe”, responsável maior, perante fronteiras éticas nebulosas entre ainda indicação e já contraindicação para um método ou sobre incertezas de probabilidades de eventos adversos (inclui pseudopodos para tratamento fútil, paliação, objeção de consciência, distanásia).

É consideração que remete, mais uma vez, ao paradoxo de sorites: numa linguagem de algoritmo, em que número de pontos acumulados deve a estratificação de um escore de risco mudar de classificação? Mais heteronomia por um grupo de especialistas e menos autonomia de uma conexão médico-paciente.

A Bioética da Beira do leito tem como referência que a teoria e a prática mantém uma relação que leva o médico a praticar munido da teoria e atento a ajustes individuais ou coletivos em função das diversidades biológicas do ser humano. O ideal da teoria tem pressupostos, evidências de pesquisas, que podem não caber em qualquer prática.

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