A Bioética da Beira do leito entende essencial destacar que um termo foi demonizado na atitude do médico para com o paciente após a ascensão do respeito ao direito ao princípio da autonomia pelo paciente. Chama-se paternalismo e repudiado em função de entendimento de uma indevida atuação intrusiva exercida pelo médico.
Todavia, a beira do leito é sábia, fez perceber que calibragens distintas de atenção/acolhimento cabem na conexão médico-paciente. Logo verificou-se que havia um exagero na rejeição absoluta à beira do leito. O paternalismo pode – e deve- ser desdobrado num de fato a ser proibitivo e noutro admissível e até desejável. É impossível tornar paternalismo antinomia à autonomia.
Um tipo dá cabimento a ser adjetivado como forte, com significado de coercitivo/proibitivo e no outro tipo cabe o adjetivo brando, empático, solidário. Quem pode refutar que quando o paciente fideliza-se a um profissional por qualificá-lo como um “bom médico” há com certeza a admiração por um componente paternalista.
A Bioética da Beira do leito entende que o paternalismo, o brando, molda-se ao processo de tomada de decisão/consentimento, ou seja, encaixa-se como força motriz nas decorrências das preocupações do médico com o que o paciente necessita, entende, conscientiza e decide. A Bioética da Beira do leito julga que ser paternalista em grau ajustável ao respeito à autonomia, caso a caso, significa ausência de indiferença.
Bioamigo, é lícito afirmar que o exercício do paternalismo, o brando está apto a se relacionar tanto com a autonomia dita intrínseca, a que somente o paciente sustenta a tomada de decisão, quanto – e especialmente- com a autonomia de relação, quando o caráter gregário do ser humano determina participações de circunstantes servindo de “assessores/conselheiros” do paciente, preenchendo necessidades relacionadas a melhor entendimento, apoio ao temor, substituição mesmo da responsabilidade. O “conselheiro” profissional é, neste aspecto, o médico “paternalista”.