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1318- Ética não se define, pratica-se ( Parte 6)

Sob aspecto teórico, em respeito ao Princípio fundamental V do Código de Ética Médica 2018- Compete ao médico aprimorar continuamente seus conhecimentos e usar o melhor do progresso científico em benefício do paciente e da sociedade.), o médico fará uma recomendação baseada no estado da arte, cada vez mais “a tecnociência de plantão”, renovado com alta aceleração que não é mais surpresa e ajustado a circunstâncias clínicas e eventuais vontades aceitáveis adrede expressas pelo paciente. Diretrizes clínicas transformam-se em direcionamentos de conduta, individualidades do paciente provocam variações, um trabalho hercúleo – muito embora banalizado pela obrigação com a competência.

É notório que as palavras iniciais são fundamentais, quer elas já sejam definidoras da conduta, quer ainda sejam um introito “preparatório” utilizado com o objetivo de funcionar como amortecedor do impacto previsto, como declaração antecipatória de incertezas, ou mesmo e tão somente como estilo do médico.

Idealmente, uma exposição continuada e bem estruturada a respeito da conduta médica será seguida por um pingue-pongue de perguntas e respostas com previsão/intenção de ajustes em função do objetivo de se chegar a uma conclusão de aceitação ou não da recomendação pelo paciente.

A Bioética da Beira do leito enfatiza que, em nome da excelência da prestação de serviços em meio a complexidades inerentes às questões de saúde/doença neste século XXI, as condutas aplicáveis – filtradas pela beneficência e não maleficência – e alinhadas à prudência só devem se tornar aplicadas quando houver a autorização para a renomear como conduta consentida. É a voz ativa do paciente exercendo sua posição hierárquica no processo decisório.

Não raramente, o processo comunicativo/decisório é interrompido para subsequentes participações de outra opinião por interesse do paciente, opinião de terceiros, quer segunda opinião médica, quer recolhimento de conselhos de pessoas próximas ao paciente e de sua confiança. Pelas pendências, torna-se evidente que a forte necessidade de disponibilidade de tempo, o que, atualmente conflita com o fato que na verdade não temos o tempo, o tempo é que nos tem  e escraviza, o médico habitualmente um passageiro conduzidos pelos ponteiros do relógio, diligente para cumprir cada hora de trabalho dentro de sessenta minutos.

Atualmente – já virou chavão- o progresso tecnocientífico tende a expandir opções resolutivas/preventivas para situações clínicas análogas. Elas costumam demandar uma fina avaliação de detalhes individuais do caso clínico para permitir alguma hierarquização num contexto de interfaces entre a experiência do profissional e a experiência acumulada na literatura médica. É sempre conveniente lembrar que diretrizes clínicas não são algemas, mas bússolas (waze, mais moderno).

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