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1316- Ética não se define, pratica-se ( Parte 4)

Na formação do médico, primeiro vem a teoria, é o sono que sonha, mais restrito, depois vem a prática, o tempo desperto e que se faz mais dependente do ecossistema da beira do leito e da vontade de realização. A realidade profissional é, todavia, muito mais complexa que um maniqueismo entre teoria modorrenta e prática dinâmica, até porque os espaços da ética precisam ser preenchidos com fidelidade a princípios e a regras. A prática pode até desconstruir a teoria, mas, habitualmente, estimula ajustes, feedbacks entre o intelecto da ciência e a arte da prestação do serviço.

Como habitual, um clima tenso se faz na beira do leito. O futuro de uma vida pessoal e a credibilidade de uma vida profissional são mais uma vez alvos do nível de competência profissional, mais um momento decisivo da existência em que um status  até então um opaco ansiogênico ganha a chance de obter transparência eficaz.

Forma-se um cenário que associa verdades que acompanham conhecimentos e valores que se alinham com desejos, num potencial de disjunção que clama pelo exercício tanto da tolerância, virtude que exige a consciência da responsabilidade pelo que se assume na aceitação de mudanças, quanto da prudência, virtude da preocupação com movimentos orientados para o futuro. Há o ser alcançado e há o não ser perdido. Podem chamá-los de terapêutica  e de prevenção.

Quais arquétipos, a frieza profissional embora calorosa numa humana representação de oxímoro, em convivência com um ardor proveniente da angústia do paciente, encontro em que as partes, idealmente, tendem a sofrer efeitos de identificações e, assim, recebem influências da temperatura do outro… ou não…, pois, a formação de laços é praticamente inevitável ocorrendo contexto de mútua visibilidade.

É a enésima vez que o médico assim procede. É momento especial da conexão médico-paciente, embora para ele rotineiro, um calejado na comunicação de boas e más notícias.

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