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1295- Autoridade Moral da Experiência. O paradoxo (Parte 2)

A Bioética da Beira do leito entende que o ideal prescritivo por uma visão epistemológica de literatura se submete invariavelmente ao possível circunstancial. Os alinhavos individualizados ocorrem passo a passo por expansões e limitações. De maneira didática, uma conduta terapêutica baseada no princípio da Beneficência e interligada à medicina baseada em evidências carrega uma idealidade de Conduta Recomendável associada a uma experiência coletiva. Entretanto, o paradoxo da experiência destaca a necessidade da individuação do paciente segundo passagem por dois “pedágios”, onde o Sem Parar não é aceito.

Em outras palavras, a progressão da Conduta Recomendável pela Beneficência para de fato prescrição necessita de uma dupla reavaliação sobre aspectos biológicos para atingir a Conduta Aplicável e mentais do paciente para se chegar à Conduta Consentida. O biológico articula-se à Não maleficência e o mental à Autonomia.

Por extremo, “paradoxalmente”, o dever com a Beneficência, com o estado da arte, com a atualização de métodos, ou seja com uma Indicação validada cientificamente, pode resultar inaplicável por um “Não” biológico (Contraindicação clínica) ou um “Não” mental (Não consentimento).

Cada caso na contemporaneidade, em função da crescente complexidade das recomendações diagnósticas, terapêuticas e preventivas e das variações biológicas naturais (como alergias, insuficiências orgânicas) ou induzidas pela atuação da medicina (como interações medicamentosas, efeitos adversos), admite uma calibragem de flexibilização de recomendação entre niilismo e atuação ideal.

A Bioética é útil para ajudar o médico a ajustar a calibragem, qualificar a triangulação entre dever com a Beneficência, responsabilidade com a Não maleficência e respeito ao direito à Autonomia na tomada de decisão.

O paradoxo da experiência fica claro na sequência da formação do médico, um início teórico – uma “camada sedimentar -, a seguir excursões de observação/testemunhais de como se dá a prática (tradicionalmente o Interno) e, depois, a responsabilidade pela conduta representada no ato de “bater o seu carimbo”.

A provocação da Autoridade Moral da Experiência como um Paradoxo da Experiência reafirma a sabedoria de William Bart Osler (1849-1919) perpetuada em “The Hospital as a College”:  “… No método de ensino que pode ser chamado de natural, o estudante começa com o paciente, continua com o paciente e termina com o paciente, tendo os livros e aulas como ferramentas, como meios para um fim. O estudante começa, de fato, como um médico, como um observador de máquinas quebradas cuja estrutura e funções usuais lhes são perfeitamente familiares. Ensine-o como observar, Dê a ele muitos fatos a serem observados e as lições virão destes mesmos fatos. Para o estudante que está no início, tanto na clínica médica como na cirurgia, é regra segura não ensinar sem ter o paciente como texto. Toda arte da medicina está na observação e demora para educar os olhos para ver, o ouvido para ouvir e o dedo para sentir.    

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