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1263- Reafirmação de ecossistema na beira do leito (Parte 2)

O cotidiano da beira do leito compõe, habitualmente, atividades que visam a (re)equilíbrios distribuídas ao longo de cuidados continuados mais breves ou mais duradouros, cujas interações multidimensionais e complexas objetivam um ciclo de harmonizações entre o que se apresenta e o que se pretende. Admite constantes regulações – terapêutica versus etiopatogenia, por exemplo- sustentadas pela tecnociência num contexto transdisciplinar.     

Por definição, a medicina existe  porque o ecossistema da beira do leito jamais está livre de distúrbios – por exemplo entre os bióticos ser humano e vírus- e, assim, requerem condutas e orientações. Inclusive porque cada biótico tem o potencial de “mutação”, quer a de uma bactéria que se trona resistente a antibiótico, quer a metafórica do ser humano comprometido por degenerações biológicas. Ademais, as instabilidades acontecem assim desafiando um ideal de equilíbrio estável, as mudanças climáticas associadas ou não ao Antropoceno impactam no ecossistema da beira do leito. 

Desta maneira, a trajetória da medicina caminha pari passu com fatores individuais-reducionistas e coletivos-holísticos inerentes ao ecossistema da beira do leito, por exemplo, o desenvolvimento de linhas de atuação clínica e direcionamento de recursos relacionadas ao sedentarismo, à poluição atmosférica, a hábitos nutricionais, a vícios, a formas de convivência interpessoal e em que a Bioética pode dar forte apoio.  

Os distúrbios mais – como numa história natural de doença-  ou menos previsíveis – como numa pandemia- convivem com uma temporalidade sujeita a efeitos de uma pluralidade de providências que cada vez mais vale-se da eficiência interativa entre a inteligência humana e a inteligência artificial (cérebro eletrônico) com amálgama da tecnologia, vale dizer, da integração entre bióticos e abióticos no ecossistema da beira do leito. 

A multiplicidade de fatores atuantes no ecossistema da beira do leito exige uma atenção transdisciplinar, pois equilíbrios, desequilíbrios e reequilíbrios estão sujeitos a observações e interpretações distintas e, assim, os processos de tomada de decisão não podem prescindir da mais abrangente e profunda coleção de pontos de vista multiprofissional e de domínio disciplinar.

A necessidade de ramificações da tecnociência no ecossistema da beira do leito se desenvolverem sob sólidas raízes humanas persiste alinhada com as premissas dos pioneiros da Bioética e sob releituras sequentes da militância na Bioética, uma comunidade de interpretação cujos componentes pensam e atuam individualmente e ao mesmo tempo compartilham experiências, dialogam e interagem movimentando-se sob padrões de juízos em que a tecnociência é autoridade essencial mas não única. Inclui a noção que o impacto humano pelo progresso tecnocientífico tem linhas tênues fronteiriças entre perspectivas construtivas e destrutivas da humanidade, vale dizer graus distintos de visão de aceitabilidade, incerteza e conflituosidade admissíveis num ecossistema.

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