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1254- Consenso na beira do leito (Parte 3)

Literatura científica

Uma maneira atual de percorrer a literatura científica é terceirizando para as Diretrizes clínicas, vale dizer, a confiança num grupo de especialistas respaldado por Sociedade de Especialidade que estabelece “diálogos” entre textos e capta posicionamentos entendidos como superiores- superior no lugar de consensual. Não se pode falar em unanimidade, muito menos em certezas. Qualquer ideia de consenso  malogra porque haverá alguma conclusão de artigo ou ponto de vista ou editorial que determinará um dissenso.

Interpretação  da literatura científica pelo profissional

Quer no coletivo de uma equipe clínica, quer na individualidade, o profissional da saúde estabelece diálogos entre pensamentos e textos da literatura  que levam, comumente, a vaivéns de interpretação em que a experiência conta muito no direcionamento das movimentações. De novo, cabe o termo posicionamento superior no lugar de consenso.

Comportamento interpessoal

A pluralidade da condição humana requer um definição de compromisso entre os princípios da beneficência/não maleficência e o princípio da autonomia no contexto da conexão médico-paciente. A partir do diálogo argumentativo, um Sim representando o consentimento pelo paciente pode fazer as vezes de um consenso e um Não representando um não consentimento pelo paciente de um dissenso. Mas nada deve ser posto como absoluto, sempre haverá algo dissensual no Sim e algo consensual no Não se houver uma visão ampliada das participações. Fatos habituais no âmbito da chamada autonomia de relação são ilustrativos.

Assim sendo, um afirmativo consentimento livre e esclarecido dado pelo paciente à recomendação médica é guia para a atuação, tem valor moral para tal, contudo não deve ser visto como espelho de uma unanimidade absoluta, quer levando-se em consideração a literatura científica, quer a interpretação profissional da literatura científica, quer o comportamento interpessoal.

Em suma, o uso do termo consenso na beira do leito não deve ser mais do a representação do alcance de um entendimento não forçado entre as partes, sustentada por um diálogo argumentativo e que envolve crenças e valores reais dos participantes e objetiva maximizar o bem para o paciente.

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