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1143- Humor na beira do leito (Parte 4)

Bioamigo, devemos ter cuidado com a ironia. Após presenciar efeitos negativos da ironia na beira do leito, percebi que há uma diferença com o humor com que todo profissional da saúde deve se preocupar. Segundo André Comte-Sponville (nascido em 1952), o humor cura, liberta, é misericordioso, não deseja rebaixar e a ironia fere, quer dominar, é implacável, não é nada generosa.

 

HUMOR

 

A Bioética da Beira do leito considera que pitadas de humor promovem um vaivém merecedor de atenção. A movimentação dá chance ao desapego a uma ideia fixa e, assim, pode quebrar um estado de desespero (des-espero), uma momentaneidade que pode ser pausa suficiente para a eclosão de novas expectativas. Emoticons 😀😃😄  apostos pelo profissional da saúde a uma mensagem para o paciente é beneficente.

Bioamigo, é do mundo real da beira do leito que a postura do profissional da saúde enquanto ouve um paciente aflito, angustiado, exasperado deve representar uma reação em espelho. Contudo, um olhar e um gesto do profissional da saúde que sem prejuízo do respeito à manifestação do paciente acontecem algo dissociados da intensidade espelhar, forjam uma mensagem com significado de acolhimento, benefício para a tolerância bilateral. É comunicação que acresce matéria-prima até então refreada para as reflexões, coopera para a dignidade na circunstância, para diversificar formas de ver conflitos, para promover compreensão de proposições e respostas humanas “surpreendentes”, bem como enxergar preconceitos escondidos em banalizações do cotidiano ou em vivências passadas. A linguagem do rosto do profissional da saúde pode transmitir que Talvez não seja tudo isso.

As questões são: Numa circunstância repleta de emoção e que pede contensão e gravidade na aplicação da tecnociência, com tantas provocações de choro, a que podemos associar o humor, porque e para que? A tentação para uma piada estratégica deve ser contida em nome da ética? O humor justifica-se para um alívio da carga objetiva da realidade? Corresponderia a uma dispensa momentânea do contraditório? Facilitaria driblar a censura interna e comunicar por vias menos compromissadas? Constituir-se-ia tão somente numa forma de reduzir o estresse momentâneo? Poderia ter uma contribuição pedagógica? 

Há sempre o risco de o humor associar-se à ambivalência, representar faca de dois gumes em face das enormes diversidades de inquietudes. deixar de ser o humor pretendido na emissão e tornar-se ironia na recepção pelo paciente. 

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