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1136- Criatividade é desejável, mas como aplicar? (Parte 1)

Há a Residência médica, há as diretrizes clínicas, há o comprometimento profissional. É tríade de presumíveis diferenças na qualidade dos atendimentos na beira do leito.

Os efeitos vantajosos incluem reduções de condutas baseadas tão somente em aparências de conhecimento, de aplicações de habilidades apenas forjadas entre quatro paredes e de atitudes unilaterais que inadmitem incertezas e fariam pressupor a esfinge se atirando no abismo porque os enigmas foram solucionados.

Se a ausência da tríade atrai a imprudência, a negligência e a imperícia para a beira do leito, a presença, não obstante, não necessariamente as impede. Isto porque a beira do leito contemporânea é um calidoscópio de (a)casos clínicos. Haverá sempre alguma dissemelhança a qualquer mentalização de padronização. Ora será pelo aspecto tecnocientífico, ora será pela individualidade do paciente, ora será pelo estilo do profissional da saúde, ora será pela organização institucional, ora será pelas implicações do sistema de saúde, e evidentemente, associações entre as influências são fatos comuns.

A Bioética da Beira do leito enfatiza que a beira do leito contemporânea convive com contraditórios e conflitos em meio a premências de decisões, o que requer manejos judiciosos das proporções de ciência e humanismo (a)caso a (a)caso. Acresce que influências de crenças pessoais e impactos de emoções sobrepujando objetividades, impactos da pós-verdade, trouxeram novas dimensões para vieses e associações inconscientes em tomadas de decisão.

A Bioética da Beira do leito  entende que tintas indeléveis sempre são conceitualmente bem-vindas para as molduras éticas/morais/legais na beira do leito, mas é o uso sequente do lápis e da borracha que permite forjar os traços diagnósticos, terapêuticos e preventivos mais adequados em conformidade aos (a)casos clínicos. Numa analogia, cada (a)caso clínico associa-se a autenticidades e legitimidades que precisam ser decodificadas profissionalmente como uma impressão digital, um código de barra, um QR code diferenciadores das individualidades entre aparentes semelhanças.

Representatividades de heteronomias que tendem ao estático e autonomias que tendem ao dinâmico se mesclam na beira do leito. Obviamente, há casos simples que provocam ampla intimidade com o rotineiro, com um automatismo prescritivo, situações onde as realizações das potencialidades acontecem em elevada proporção. Mas casos de livro estão escasseando, quer porque as novidades tecnocientíficas beneficentes diuturnamente trazem necessidade de revisão da rotina de apreciação dos mesmos, admitidas simplicidades metamorfoseiam-se em complexidades, em novos níveis de compromissos com o estado da arte, quer porque a maior expectativa de vida da população provoca inéditas composições cumulativas de morbidades, com inúmeras combinações evolutivas de histórias naturais e histórias pós-conduta terapêutica/preventiva.

A Bioética da Beira do leito adverte que os profissionais da saúde contemporâneos são cada vez mais agentes de condução personalizada por labirintos de formatos únicos, performam-se portando evidências científicas que, embora iluminem os passos, não necessariamente dão os focos exigidos para tornarem as saídas evidentes.

Forças motrizes para a seleção bem sucedida dos percursos  são o sentido dado à medicina e a percepção da função possível. Entretanto é um par nem sempre agonista. A Bioética da Beira do leito chama a atenção que justamente os tipos de antagonismos provocados pelos (a)casos clínicos requerem o devido preparo para a observância do que é expansível e do que está sujeito a limitações em cada encontro das ciências da saúde com o ser humano.

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