Bioamigo, como então, sair da apenas retórica e aumentar a probabilidade de uma tomada de decisão que possa integrar de fato evidência e preferência em meio a opções da tecnociência com suas incertezas, multiplicidade de situações clínicas e pluralidade da condição humana? É grande desafio que demanda um Alô Bioética!
Algumas premissas fazem-se essenciais: A primeira delas é que a disponibilidade atual de métodos validados exige que todo objetivo de recuperar um órgão doente acompanhe-se da preocupação em preservar órgão saudável e evitar agravar comorbidade.
A segunda premissa é a necessidade de integração entre duas distintas comunidades de interpretação no processo de tomada de decisão. a representada pela expertise do médico e que inclui diagnóstico, etiopatogenia, opções terapêuticas, opções evolutivas, prevenção primária e secundária e a representada pela vivência do paciente capaz e que inclui desejos, preferências, objetivos, valores, circunstâncias sociais e experiências com doença.
A terceira premissa é que fique bem explícito que deve se desenvolver uma tomada de decisão após reflexão, após pesar as possibilidades, ou seja, um processo de deliberação – palavra que deriva de De Librare, sendo libra uma antiga medida romana de peso.
A quarta premissa é que haja o desenvolvimento de um processo de ajuste entre as visões do médico e do paciente que incluam:
Beneficência
Potencial de adversidades
Esclarecimento ao paciente
Dependência Recíproca
Esclarecimento ao médico
Proporção do racional e do emocional
Comparticipação decisória
Convergência de pensamentos
Ajustes de aplicação
Consentido pelo paciente
Concordante pelo médico
Adesão responsável/Zelo aplicação
A quinta premissa é o compromisso profissional com um decálogo composto de:
Dignidade da pessoa humana
Legitimidade tecnocientífica & Admissibilidade moral
Expansões e limitações dos (a)casos clínicos
Consciência profissional
Direito à voz ativa do paciente
Acolhimento ao paciente
Distinção entre Uso, Não uso e Abuso
Distinção entre Indicação, Não Indicação e Contraindicação
Distinção entre Potencialidade e Realização
Atenção a Expectativas & Frustrações
A sexta premissa é que o reconhecimento de um imperativo ético do médico para promover o diálogo com o paciente dê a oportunidade para que o paciente compartilhe com o médico:
O que deseja agora e no futuro
Já conhece sobre opções
Conhece sobre benefícios das opções
Pensa sobre os riscos de opções
Prioriza sobre benefícios e riscos
Efetivamente espera
Se dispõe a submeter
Bioamigo, o processo de seleção entre opções subentende um paciente ativado a optar com responsabilidade e apoiado a optar conscientemente. Na prática, verifica-se que certo % de pacientes não deseja assumir o ônus da decisão e também que quando o que optaram não resultou no esperado, expressam um arrependimento por exemplo de uma opção mais simplista.
Alguns cenários comportam a Decisão Compartilhada:
Aplicação hospitalar da terapêutica sob ajustes quanto ao potencial de beneficência e de maleficência
Estratégia ambulatorial sobre investigação diagnóstica e controle evolutivo da história natural ou da conduta terapêutica
Estratégia ambulatorial a respeito de mudança de hábitos do paciente para prevenção primária ou secundária
Aplicação terapêutica domiciliar sob responsabilidade do paciente