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1081- Considerações sobre beneficência (Parte 2)

A Bioética da Beira do leito chama a atenção que classificações reducionistas do acervo científico validado são compactações semânticas que trazem a necessidade de muita atenção para quando indeterminações e ambiguidades dos acasos da beira do leito desafiam o encaixe nos termos condutores (classe e nível).

Em outras palavras, as manchetes classificatórias – como tabelas resumidas- são insuficientes em muitas ocasiões e o desenvolvimento do processo decisório exige do profissional da saúde mergulhar mais profundo no saber selecionado.

Assim, na linguagem empregada há o É (recomendado) da classe I, o Não É (recomendado) da classe III, o opcional mais para recomendável (should em inglês) da classe IIa e o opcional com pouco ímpeto para recomendação (may em inglês) da classe IIb.

Na prática, percentual do É (recomendado) pode tornar-se impossibilitado pelo princípio da não maleficência e o opcional pode se distribuir por momentos de aplicação e por momentos de não aplicação sob critérios comumente passíveis de questionamentos.

A Bioética da Beira do leito enfatiza como a profusão de casos na beira do leito que fogem dos modelos estudados porque apresentam inclusões/exclusões de aspectos clínicos dificulta a previsão sobre chances de resultados incorporadas no racional das evidências científicas.

Em decorrência, fica prejudicada a prática do rigor semântico a respeito do É (recomendado), o que justifica a cautela embutida em Deve/Pode. Compromete-se pois, qualquer apreciação apriorística de conduta profissional razoável sob circunstâncias idênticas ou mesmo similares.

É fácil intuir que sentenciar Deve ou Pode quando da elaboração das diretrizes clínicas é tarefa sujeita a indeterminações análogas às que acontecerão na beira do leito, onde Deve da classe IIa está propenso ao É (recomendado) e Pode da classe IIb aproxima-se do Não É (recomendado). A subdivisão da classe II fala por si.

A Bioética da Beira do leito propõe que se enxergue uma recomendação médica na beira do leito como um exercício de proposição de utilidades terapêuticas/preventivas preferencialmente sustentadas por ligações com verdades reconhecidas pela ciência. Significa que o fato sob foco para uma prescrição deve ter precedentes de apreciação que associam de alguma maneira algum grau de legitimidade ética.

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