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1075- A Bioética adquiriu o direito de existir (Parte 6)

Conciliações entre objetividades e subjetividades representativas dos posicionamentos dos envolvidos acerca dos problemas ativos articulam-se com o dominante processo do consentimento pelo paciente e inserem-se na prudência- ética e virtude- de altíssima exigência na beira do leito.

A prática da prudência que orbita na fidelidade ao futuro reforça a distinção entre beneficência e benefício e ensina que seus significados precisam ser separados na beira do leito.

Beneficência é atributo de um método, benefício é realização de resultado. O fato de o sal ter o potencial de se dissolver em água não garante a dissolução, pois pode haver saturação ou mudança no estado físico da água para gelo ou vapor. Assim o verbo modifica o sentido do adjetivo em ser solúvel e estar solúvel.

Uma confluência da semântica dos termos beneficência e benefício na beira do leito pelo paciente pode ser presumida quando ele não objeta a recomendação validada do profissional da saúde. Evidentemente, a efetiva superposição da beneficência em benefício para as necessidades de saúde do paciente depende de fatores intervenientes evolutivos,  biológicos multidimensionais, que trazem similitudes funcionais ao acima referido para a relação sal/água.

A Bioética da Beira do leito enfatiza que a distinção semântica impede enxergar contradição entre um rótulo de beneficência para um método e a eventual não realização do benefício cogitado, pois são situações que pertencem a realidades distintas. Por isso, a tradição da medicina do compromisso com o método e da impossibilidade de garantia do resultado de sua aplicação.

Em juízos críticos sobre a qualidade de recomendações para necessidades da saúde do paciente na beira do leito, é importante ter em mente que o treinamento do profissional da saúde consolida a premissa utilitária da analogia com o sal – possuidor de propriedades integrativas- solúvel em água- passível de mudanças de estado receptor. Uma das variações diz respeito a um caráter humano da recepção ligado a uma “não solubilidade” opinativa, ou seja, não haver o consentimento paciente, por exemplo, por sua percepção sobre algum tipo de mal que possa estar implicado com o potencial de benefício.

A Bioética da Beira do leito insiste que não se trata de uma contradição baseada no princípio da bivalência, métodos admitem uma lógica de não contradição entre o bem e o mal, ou seja, o mesmo método não exclui alguma possibilidade – até oposta- pela existência da outra (lógica do terceiro incluído).

Portanto, há verdade na afirmação que métodos das ciências da saúde aplicados assistencialmente na beira do leito são agentes do bem e do mal. Cabe às individualidades da conexão profissional da saúde -paciente destrinchar o quantum de um e de outro pode ser cogitado. É fundamental no processo de tomada de decisão. Em síntese,  resultados são comportamentos ao longo dos efeitos dos métodos e só a evolução é segura para revelar as realidades efetivas – benefícios-  dentre uma listagem de cogitações pré-aplicação- beneficência.

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