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1072- A Bioética adquiriu o direito de existir (Parte 3)

A vertente da Bioética voltada para as coisas da clínica tornou-se imprescindível na beira do leito. Habilmente,  revelou-se contagiosa e contagiante. O profissional da saúde quando percebe o seu valor de contribuição para os melhores interesses da beira do leito incorpora definitivamente.

É rápida a comprovação que a inclusão da Bioética no cotidiano clareia os horizontes éticos/morais/legais do profissionalismo que se pretende, o que facilita lidar com pontos e contrapontos de inevitáveis dúvidas, conflitos e dilemas.

Pode-se afirmar que Bioética é reunião ética, mãos estendidas bem intencionadas e destituídas de propósitos de se atribuir como nova filosofia, nova metafísica ou ciência maior. Mais pertinente, a Bioética corresponde a uma cooperativa, soma de esforços voltada para a constituição e a manifestação de um sujeito moral sob influência de elementos prescritivos acumulados ao longo do tempo que incluem a família, instituições educativas, deveres da profissão, literatura, espiritualidade, etc…

A ligação à Bioética na beira do leito reafirma inesquecível um pensamento quinquicentenário de Paracelsius (1490-1541), o “Lutero da medicina” que, registra a História, em frente à Universidade da Basileia, na Suíça, em 1527,  queimou livros de Avicena (980-1037) e de Galeno (129-199). De fato, persiste atual que medicina não é tão somente ciência, mas é também arte. Ela não consiste em dispor de pílulas, gesso e drogas de todas as naturezas, ela lida com os processos da vida que devem ser entendidos antes de serem enfrentados. Por exemplo, se você providenciar evitar infecção, a natureza por si cicatrizará a ferida. O caráter do médico pode atuar fortemente sobre o paciente, até mais que algumas drogas.

No contexto de cuidar de si e do outro na beira do leito, a Bioética da Beira do leito atua como um catalizador, coopera para explicitar prós e contras, não prós e não contras, referentes às expectativas circunstancialmente valorizadas num complexo universo composto por doentes, doenças, profissionais da saúde e tecnociência que acontece no ecossistema da beira do leito. Os cenários são infinitos e desafiadores com fortíssimo protagonismo do ser humano e sua saúde, o bem maior sob constante ameaça pensada e sentida, tendo extremos tão díspares como a hipocondria e a real terminalidade da vida.

Assim como a sucessão numérica é dita infinita e assim traz a ideia de sem fim, a pluralidade de (a)casos da beira do leito (constituição, conduta e evolução) induz a similar operação mental de interminável, tendo a legitimidade da consideração apoiada pelo finito de cada (a)caso – assim como o número – que provoca a comparação – mais um- como desigualdade.

A Bioética da Beira do leito enfatiza que há a manifestação sentida, quer física (dor), quer mental (sofrimento) e há a revelação pensada, quer como suposições evolutivas pelo paciente, quer como fatores de risco conhecidos pelo profissional da saúde. No conjunto, demandam providências que na área do médico conjugam-se com o conteúdo do Art. 1º do Código de Ética Médica vigente: É vedado ao médico causar dano ao paciente, por ação ou omissão, caracterizável como imperícia, imprudência ou negligência.

Pelo acima exposto, a Bioética da Beira do leito sugere a leitura como:

Eu médico, estou ciente que devo me portar com perícia, prudência e zelo no diagnóstico, na terapêutica e na prevenção.

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