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1058- Beira do leito política (Parte 1)

Bioamigo, as jornadas de trabalho na beira do leito sempre instigantes, jamais entediantes, fomentam pensamentos, palavras e atuações idealmente conjugados nesta ordem, mas variável de acordo com a concretização dos movimentos necessários para desfazerem nós clínicos e voltarem a amarrar segundo o estado da arte.

Dados e fatos ao serem recolhidos desde os pacientes tornam-se elementos impositivos do princípio fundamental II do Código de Ética Médica: O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional – assim redigido desde o código de 1984 com nítido alerta contra a indiferença e estimulador de reposicionamentos.

Tradicionalmente, sintomas informados e sinais captados precisam ser obrigatoriamente submetidos a interpretações pelo profissional da saúde mediante raciocínios idealmente consistentes. A quebra dos segredos do corpo e da mente resultante e a preservação como sigilo profissional são duas faces da moeda chamada confiança cunhada por um processo de interdependência profissional da saúde-paciente com favorecimento da previsibilidade que haverá a atenção e cuja realização será fonte da sua continuidade.  A confiança é alicerce da estabilidade da beira do leito ética, ou seja da necessidade e da possibilidade.

Evidências pelos olhos da pesquisas – que se pretende majoritárias- e opiniões pelos olhos da experiência – que na chamada fase 4 de mercado advertem aos mais puristas com evidências sobre porque elas devem ser valorizadas- distribuem-se em sinergias e antagonismos de validade na beira do leito em domínios de (in)verdades e (in)certezas. Assim sendo, o profissionalismo porque concernente a condutas humanas admite uma representação política.

O diligente manejo do pensamento crítico – num vaivém produtivo, equilibrado e corretivo de interações do exterior com o interior- é eficiente cartão de vista do profissionalismo na beira do leito. Está impresso um senso de dever com algo sobre o qual o profissional da saúde tem que trabalhar com uma energia capaz de reunir muitas vozes gravadas e produzir tantas outras com depósito de confiança e poder transformador. Vale muito nas situações-limite quando o automático da experiência qual um algoritmo mental não é suficiente para impedir uma terrível cogitação de falta de perspectiva na atuação. De certa maneira faz bem-vindo o Penso logo existo de René Descartes (1596-1650) para a beira do leito.

Bioamigo, um dos pensamentos perpetuadores da imortalidade de Aristóteles (384 ac-322 ac) – que assim permite compreender porque é preciso morrer para se tornar imortal –  é que o ser humano é por natureza um animal político. Significa que seres humanos carregam a necessidade de mútua companhia, concidadãos na polis, entendendo-se  ou desentendendo-se por meio da linguagem.

Por ser o habitat dos profissionais da saúde, a beira do leito é uma polis dedicada à saúde e todos os bióticos partícipes deste ecossistema precisam de parcerias e da participação da linguagem. Por isso, pouco importa interessar-se pelo dilema quem veio primeiro, o médico ou o paciente, ambos não existem sem o outro sob ângulos éticos, morais e legais.

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