Interesso-me por conhecer quando é que nós passamos a saber do que já existe há algum tempo. Alinha-se ao significado de descobrir e à necessidade de desenvolver instrumentos para tal- a expansão da Escola de Sagres viabilizou a descoberta do Brasil. Condiz com a ideia que a mente é um papel em branco, vazio de conteúdo e que será suprida com materiais da razão e do conhecimento fornecidos pela experiência (filósofo empirista John Locke – 1632-1704).
Interiorizei a questão há décadas, quando Wilson Choeri (1928-2013)
o exemplar professor de Física no Ginásio do Colégio Pedro II nos detalhou a Lei da Gravidade. Além dos aspectos técnicos, houve o objetivo de nos fazer perceber o valor do que ele chamou de curiosidade por observação- “… Como vocês podem imaginar – ele nos disse- maçãs caiam sempre das macieiras pelo efeito da 
gravidade que era desconhecida até Sir Isaac Newton (1643-1727) dispor-se a investigar a causa...”.
É um tipo de vontade que se interessa por desvendar o que seria um mistério, um inédito aguardando sua vez, uma entrada num dado script em direção às últimas páginas reveladoras e que, bioamigo, presumo que combina com a militância em Bioética.
Funciona qual um disco arranhado- tomando carona com a Dra. Harriet Braiker (1948-2004)
em seu best-seller A Síndrome da Boazinha. Refiro-me a repetições por inquietações recorrentes e entusiasmadas visando a uma forma construtiva de equilíbrio entre expansões e limites e comprometida a afastar desperdícios de tempo. Vontade utilíssima no exercício profissional na beira do leito respeitoso da tríade ética/moral/legal.
A Bioética da Beira do leito preocupa-se com a abrangência e a profundidade das interações entre a beira do leito e os princípios da Bioética no contexto de existências e o seu processo de transformação do desconhecimento em conhecimento. É válido dizer que os princípios da beneficência, não maleficência e autonomia são utilizáveis na beira do leito como fios condutores do pensamento para desvendar o bem, o mal e o consentimento (a)caso a (a)caso.
Enquanto é incalculável a dimensão temporal entre o desenvolvimento da gravidade como força na Terra e o seu conhecimento pela curiosidade de Newton no século XVII, há chance de ser presumível o período de tempo entre a existência e o conhecer na beira do leito acerca de manifestações da saúde do paciente. Implica no clássico significado de diagnóstico e as várias vertentes neste contexto de revelação: pós-sintoma, achado de exame com outra finalidade, fruto de check-up. Apresenta modernas conotações com o mapeamento do genoma e o desenvolvimento da medicina personalizada.
Neste contexto, um truísmo que ultimamente necessita de reforços sucessivos é a obrigatoriedade do uso do conhecimento tecnocientífico validado por pesquisas sistematizadas como fio condutor do raciocínio para selecionar o útil e eficaz. Alinham-se o reconhecimento de uma questão específica de saúde, a seleção de sustentações teóricas, a averiguação na prática e completa-se com identificações norteadoras.
