A Bioética da Beira do leito enfatiza a interdependência entre linguagem e profissionalismo na saúde e que torna perceptíveis os pensamentos técnicos desenvolvidos. Em outras palavras, os pensamentos que geram a emissão de palavras pelo profissional da saúde e os reconstruídos pela recepção do paciente precisam de um grau de entendimento mútuo, uma comunicação que se mostra especial pela necessidade de contornar os efeitos do desnível de conhecimento tecnocientífico. No sentido oposto, a emissão de palavras gerada pelos pensamentos do paciente necessita de uma reconstrução pelo profissional da saúde com forte dimensão humana. Conhecemos como o Sim ou Não são sintetizadores no processo do consentimento livre e esclarecido. SIMNAÕ

Por isso, é essencial valorizar a linguagem na beira do leito como expressão de pensamentos vivos e animados, especialmente pela habitualidade da ocorrência de tensões entre as conjunções de ciência com rigidez e profissionalismo com liberdades.

Ainda mais quando em prol do consenso há a coragem de ousar proporcionada pela pega do jeito da coisa. Estas palavras finais são uma homenagem ao meu mestre da Propedêutica Clínica, o Dr. Mario Giorgio Marrano (1920-2013) que no primeiro dia de aula disse para a sua turma anual de sete alunos: vou lhes ensinar a pegar o jeito da coisa … e cumpriu!

Basta consultar um dicionário para perceber como palavras convivem com distintos sentidos. Capturamos do vernáculo para intitular um conceito e a incorporação tem o potencial de trazer alguma confusão entre o uso descontraído e o compromisso com o conceito.

Bioamigo, vamos aproveitar os termos acima referidos convicção e responsabilidade profissional para ilustrar sobre significados.

Considerando o truísmo que ética é essência da beira do leito, cabe então refletir sobre os significados de sua junção aos termos convicção e responsabilidade. As composições ética da convicção e ética da responsabilidade adquirem sentidos conceituais que vão além do que podemos achar válido para os termos separados, como estou convicto da responsabilidade com a ética.

Entra no contexto desta diversidade semântica, então, o legado do sociólogo alemão Max Weber (1864-1920).

MW1

A participação de dois parâmetros na apreciação ética determinou as denominações de ética da convicção e ética da responsabilidade com uma tensão entre as mesmas. Portanto, bioamigo, a partir da união de termos num título, interpretações de confrontos relativos à beira do leito por um Comitê de Ética/Bioética sobre a afirmação do médico numa linguagem simples que estava convicto e era minha responsabilidade não pode ignorar os conceitos de ética da convicção e ética da responsabilidade. Vamos, então, conhecê-los, até porque alinham-se com a prudência, um valor maior da beira do leito.