PUBLICAÇÕES DESDE 2014

1032- Ética pratica-se (Parte 11)

Bioamigo, a linguagem serve para comunicar, mas, não podemos esquecer que serve também para não comunicar. Distanciamentos falados apesar de aproximações interpessoais não são infrequentes, inclusive na beira do leito.

A falta de qualificação da mensagem que prejudica a transformação, a repetição, a reativação pela memória das informações no decorrer do atendimento ao paciente pelo profissional da saúde dificulta um fidedigno estado de esclarecimento sobre as realidades de certezas e indeterminações pelo conhecimento na medicina – e nas ciências da saúde em geral. A Bioética da Beira do leito considera que fazer da  comunicação um tão somente comunicado é um desserviço lamentável na beira do leito.

Comunicação é linguagem dinâmica, inclui a preciosa linguagem corporal e exige um espaço adequado, comunicado é linguagem estática. O que se tem a dizer deve fluir num encadeamento de palavras que possa estabelecer sentidos interdependentes, é imperativo que os enunciados alinhem-se às singularidades de conexão ciências da saúde-paciente e vale demais considerar que o cuidado com detalhes pode fazer enorme diferença para os objetivos da conexão profissional da saúde-paciente.

É essencial que haja no processo do consentimento livre esclarecido pelo paciente um período de tempo hábil entre o estímulo da recomendação e a reação de escolha Sim ou Não, ou mesmo Talvez, que tenha um mínimo de interpretação e organização cognitivas. O intervalo de tempo justifica-se pelas possibilidades de surpresas, excesso de temores, necessidades de arranjos familiares, econômicos ou de trabalho, além de influências de fantasias.

Para o profissional da saúde a emissão da recomendação é a enésima vez, para o paciente alta chance de estreia. Uma burocratização do consentimento corrompe o objetivo primário do respeito à pessoa do paciente e, portanto, desvaloriza os esforços de humanização da beira do leito, além de acentuar a vulnerabilidade do paciente.

É essencial que o processo de esclarecimento das recomendações incorpore-se de fato ao paciente numa representação humana de saber e de poder, assim, motivando a livre escolha do Sim  de uma comunhão de pauta ou do Não que nega pertencimento.

De fato, o profissional da saúde neste contexto de saber bem falar para fazer bem escutar precisa  conscientizar-se que o “Aqui estou eu” profissional com o dever de orientar a tecnociência aplicável requer a coexistência do “Aqui estou eu” do paciente com direito de livre manifestação, nada passivo, muito pelo contrário. Não se trata de unificar dois “Eu”, mas do reconhecimento da eticidade de um “Conhecemo-nos ambos”, o suficiente para uma autêntica conexão, uma das decorrências quase que automáticas proporcionadas pelo exercício continuado – inspiração e perspiração.

COMPARTILHE JÁ

Compartilhar no Facebook
Compartilhar no Twitter
Compartilhar no LinkedIn
Compartilhar no Telegram
Compartilhar no WhatsApp
Compartilhar no E-mail

COMENTÁRIOS

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POSTS SIMILARES