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1019- Bioética da beira do leito. Pretensiosa, porque não? (Parte 4)

O vocábulo crise como habitualmente empregado nas ciências da saúde encerra uma necessidade urgente de tomada de decisão. Desta maneira, tem o potencial de gerar vários tipos de desdobramentos sobre avaliação e resolução. Decorre assim o cruzamento com a Bioética- que, paradoxalmente, a militância faz  enxergá-la cada vez mais menos definível por uma frase e mais praticável com legítima  pluralidade.

A Bioética da Beira do leito está convicta que na base de uma crise na beira do leito existe sempre contraposições com forças instintivas- lembrando que o narcisismo compensa as deficiências instintivas do ser humano em relação aos animais- além dos direcionamentos dados pela potência da razão e da moral.

Há muito a ser interpretado e neste mister a Bioética tem alto valor contributivo para o estabelecimento de limites apreciativos sobre critérios utilizados, intenções de equilíbrio e transformações de potencial de ressentimentos em conciliações com legitimidade. Numa articulação com o principialismo na Bioética, crises na beira do leito arquitetam-se por contraposições entre efeitos da beneficência, não maleficência e autonomia.

Mergulhos na Bioética evidenciam a necessidade de distinguir o que pode estar mais para alcançável pelas práticas existentes – e afinado com o sentido de autonomia- e o que é inalcançável apesar de pensado como ideal- e afinado com a heteronomia, na circunstância, um imperativo utópico.

O equilíbrio entre o necessitado de ser valorizado em função das realidades presentes e o que possa ser valorizado conceitualmente -a eterna gangorra entre o possível e o ideal- exige uma calibragem entre niilismo e perfeccionismo. São equilíbrios instáveis, ou seja, dificilmente perdem a tendência a se afastar da posição idealizada.

A Bioética da Beira do leito rechaça ideias que possam existir contradição entre dois cenários de beira do leito, o tendente ao ideal, “universal”, e o tendente ao realismo, pois é visão incompatível com a multiplicidade e a complexidade das circunstâncias envolvidas nos interesses da beneficência, não maleficência e autonomia. Não cabe etiquetar como incoerência, mas apreciar a contraposição com o sentido de tolerância exigente pela condição humana.

A Bioética da Beira do leito indica que há o que aparenta na beira do leito, há o que de fato é e há o que poderia vir a ser. Neste contexto, abstrações são necessárias, mas não devem prevalecer sobre o que é preciso ser feito respeitando foros íntimos e evitando depreciar o caráter humana da aplicação da medicina por uma supervalorização: cientificismo e tecnicismo, especialmente em combinação com hipocondria moral profissional.

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