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1009- A pandemia de Covid-19 reforça que… Um decálogo ao gosto da Bioética

  1. A pandemia de Covid-19 reforça que habitamos um ecossistema e assim é impossível deixar de cogitar surpresas desagradáveis da natureza, como o atual nocaute inesperado sofrido por mais de sete bilhões de pessoas que embora com níveis distintos de guarda e vigilância, não podem em seu conjunto deixar que seja atingida a contagem fatal. Recuperação que significa ganhar chance para uma resposta, oportunidade para aperfeiçoar como se esquivar e, porque não, dispor-se a aprender mais sobre o próprio corpo. De alguma forma, o ringue presta-se a uma pedagógica metáfora sobre a vida- lembremos do premiado filme Menina de Ouro (Oscar 2005).
  2. A pandemia de Covid-19 reforça que inesperados impactam ainda mais quando representam circunstância tão invisível quanto identificável e que interfere na rotina global. Constitui força dominante apesar das pressuposições e  convicções sobre a grandiosidade humana e colocam em risco a qualidade de vida e a sobrevida do Homo sapiens. Mas paradoxal, sem humanos não haveria condições para a pandemia, o que explica e complica.
  3. A pandemia de Covid-19 reforça que diante de uma situação inédita e chocante, materializada numa equação complexa para ser imediatamente resolvida, com tanta diversidade de impacto sobre a condição humana planetária, com tantos confrontos entre a individualidade e a solidariedade, pode-se saber o que não funciona sem saber o que funciona, pode-se acelerar o tempo qualitativo e pode-se  obter alívios temporários ou permanentes  com a gama de conhecimentos e habilidades utilizadas até então para outras circunstâncias.
  4. A pandemia de Covid-19 reforça que um tema com tantas especificidades como o da saúde tem o potencial de rapidamente agregar análises críticas manifestas com ares professorais e tecidas com ênfase em achismos, enviesadas por valorizações do próprio arbítrio destituídas da fundamentação técnica, extremamente sensível a conflitos de interesse e, infelizmente, à margem da autoridade profissional exigida para uma aceitação como uma opinião de  legítimo perito. Concretiza-se com lamentável frequência o aspecto negativo da sabedoria que ignorâncias provocam indevidas certezas e que o real saber é um queijo suíço cheio de dúvidas.
  5. A pandemia de Covid-19 reforça que primeiras impressões clínicas de novas doenças podem esconder mecanismos fisiopatológicos mais preocupantes e que é o tempo de fato dedicado à vivência dos fatos e dos dados que possibilita fazer correções de percurso que, frequentemente, precisam lidar com aparências de absurdos, enfim reconhecidas como sensatezes.
  6. A pandemia de Covid-19 reforça que perante carência de conhecimentos e recursos específicos qualquer critério de organização de providências forjado pela inteligência e em nome da coerência é passível de fortes contraposições, divergências a  fontes tradicionais do saber e germinação de conflitos sobre essências da liberdade.
  7. A pandemia de Covid-19 reforça que bom senso é ubíquo aliado moderador da tecnociência, parceria que  assim evita cientificismos e tecnicismos que, porventura, se apressem em preencher lacunas ditadas pelo inédito/desconhecido/atípico, como se fossem cópias perfeitamente ajustáveis. O clássico insuficiente e a inovação resolutiva prevalecem, esta, entretanto mais mental do que executável, assim desafiando a persuasão e a confiança.
  8. A pandemia de Covid-19 reforça que há um mínimo divisor comum para a validação de condutas na Saúde e que seus componentes precisam estar alinhados à pesquisa sistematizada a fim de que as conclusões destarte obtidas possar ganhar a condição de evidências seguras, vale dizer, representarem  fios condutores confiáveis.
  9. A pandemia de Covid-19 reforça que nenhum exercício de futurologia sobre temas envolvendo a Saúde deve ser amplificado e praticado com base na imaginação tão somente, na analogia superficial e enganadora ou mesmo na vontade sobre o se queira que aconteça.
  10. A pandemia de Covid-19 reforça que a autonomia a viger no coletivo não é a soma das autonomias individuais reagentes a um perigo. O poder da heteronomia prevalece perante indefinições com impacto no coletivo, o que articula-se com o significado de autoridade exigente de uma obediência, que será frágil como  pode ser depreendido do paradoxo de sorites (montes em grego) conforme concebido por Eubulides de Mileto (século IV ac) com sua dificuldades de cravar uma resposta com legitimidade inatacável e por isso tornada apenas uma convenção.

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