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1002- Barreiras (Parte 2)

A Bioética da Beira do leito enfatiza ao profissional da saúde a utilidade de valer-se nos domínios da beira do leito da  abrangência da prudência. Considerá-la conselheira ética idealmente associada a virtude moral pela exigência da prática de escolhas de métodos objetivando o melhor resultado beneficente/não maleficente frente as muitas incertezas, riscos, imprevisibilidades e inevitabilidades. Face ao compromisso com o judicioso exame de vantagens e desvantagens antecipatórias do futuro, é fonte de sabedoria prática articulada com o humano ideal do Cuidado!

Substantivo, adjetivo ou interjeição, o termo cuidado remete ao sentido de proteger. Justamente, o princípio da medicina, o que Hipócrates (460ac-370 ac) pensou como obrigação primeira: primum non nocere.  A Bioética da Beira do leito alerta sobre a necessidade de proteção constante de efeitos biológicos da tecnociência mesmo aplicada com criteriosa beneficência.

Bioamigo, as entrelinhas da ética do profissional da saúde destilam um espírito de proteção ao paciente que, especialmente em situações de contraposição de opinião, direciona para maior preocupação do cuidar de si próprio, supervalorizando a autoproteção. Cuidar de proteger o paciente sem descuidar de me proteger profissionalmente! Uma relação com o entorno consciente de a ele também pertencer, ou seja, a inconveniência de um olhar dicotômico. Uma interdependência que  a Bioética da Beira do leito não deixa de alertar sobre a convivência dos bióticos no ecossistema da beira do leito. Barreiras constantemente feitas, removidas e refeitas.

O termo proteção não é comumente verbalizado na beira do leito, mas não há como negar que o intuito do profissionalismo em saúde com viés da Bioética tem alta motivação protetora contra achismos – a beneficência-, adversidades- a não maleficência e indesejados- a autonomia. Melhor ainda uma visão de precaução em consonância com a ética da responsabilidade –  comprometermos não somente por nossas intenções, mas também pelas consequências de nossos atos que possamos prever.

O contexto de proteção à saúde, à qualidade de vida à expectativa de vida que há muito se inclui na beira do leito sustenta-se pelo universo de interações e qualidade de infraestrutura e, assim, alinha-se com o conceito de ecossistema. A prática – nunca sem amparo da teoria – prevalece porque a insegurança mantém o alerta.

A dominância da prática que qualifica o que possa elevar o potencial de realização dos resultados pretendidos respeitando o caráter humano e social das ciências da saúde convive com a noção do profissionalismo que a beira do leito é um dos mais notáveis postos de observação da condição humana e suas vulnerabilidades. Biografias são escritas e reescritas exigentes da moralidade e da ética. Biografias dos pacientes e dos profissionais da saúde.

Todo ato profissional na beira do leito é de alguma forma esquadrinhado e por isso torna-se passível de controvérsias, críticas e ideias de reformulações. O aspecto observatório faz dos conteúdos de cada caso – cada vez mais acasos- rascunhos instados ao lápis&borracha ajustador e aperfeiçoador. O lápis e a borracha manufaturados pela Bioética é daqueles sonhos de consumo que para chamar de meu exige admitir Aristóteles (384ac – 322ac): É fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer. Um objetivo de dominar e beneficiar momentos.

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