Fabio Antero Pires
O uso de sistemas de informação em saúde não é uma novidade. Em meados dos anos 1980, vários hospitais privados e alguns hospitais universitários utilizavam sistemas comerciais ou desenvolvidos internamente. Entretanto, esses sistemas tinham como objetivo controlar somente demandas administrativas e financeiras.
Sistemas que apoiam o registro da prática da assistência ao paciente começaram a surgir no final da década de 1990, principalmente nos hospitais universitários onde o ensino e a pesquisa demandavam o desenvolvimento de subsistemas para armazenar dados coletados de ensaios clínicos ou documentar casos raros que poderiam ser utilizados como apoio ao ensino.
Os sistemas que registram a prática da assistência são comumente chamados de ”Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP)”, pois remetem ao conceito de repositório de informações sobre o paciente. Apesar de similaridade no conceito, o PEP agrega características importantes quando comparado com o papel, como por exemplo, acesso simultâneo por diversos profissionais, alertas de cuidados, agilidade na recuperação de informações, segregação de acesso, rastreabilidade de registros entre outras.
O PEP, além de manter registros assistenciais individuais sobre o atendimento, pode deixar um legado importante para ensino e pesquisa: um banco de dados rico em informações estruturadas e semi-estruturadas sobre a população atendida.
O Serviço de Informática (SInfo) do Instituto do Coração do HCFMUSP iniciou o desenvolvimento de sistemas denominados assistenciais na década de 1990, iniciando através dos subsistemas de imagens, laudos e prescrição médica. Atualmente, o InCor utiliza o sistema SI3 (Sistema Integrado de Informações Institucionais) o qual foi desenvolvido integralmente no InCor através de parcerias entre os profissionais do SInfo e diversos profissionais que atuam na prática da assistência ao paciente.
Objetivando uma maior flexibilidade de acesso, o SI3 foi desenvolvido para ser acessado através de um navegador de internet, ou seja, basta um computador conectado à rede para que o profissional possa ter acesso ao sistema, mesmo não estando fisicamente dentro do hospital.
Independente das implementações e características de segurança aplicada no PEP, o prontuário em papel só pode ser abandonando se os registros das informações que fazem parte do prontuário, ou seja, aquelas definidas pela Comissão de Revisão de Prontuários¹ do hospital forem assinadas através de Certificados Digitais baseado no padrão ICP Brasil².
No InCor, a assinatura com Certificado Digital está implantado no processo de atendimento de consulta médica ambulatorial e pronto socorro, em média, 820 documentos são assinados diariamente.
Objetivando tornar o InCor um hospital totalmente digital, os próximos passos serão: assinar laudos de SADT com certificado digital e, em 2015, iniciar o processo de assinatura nos documentos gerados na internação.
¹ – RESOLUÇÃO CFM nº 1.638/2002 http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/cfm/2002/1638_2002.htm
² – ICP-BRASIL
http://www.iti.gov.br/icp-brasil