3834

PUBLICAÇÕES DESDE 2014

08-Poder pode. Pudera!

Em tempo de efervescência política parece interessante relembrar o psicólogo americano Rollo May (1909-1992). Ao tratar da triangulação poder, inocência e violência, no livro Poder e Inocência- editora Artenova, 1974 – ele  refere que quando a auto-afirmação (crer no seu valor) falha, o passo seguinte é o uso de seus poderes (auto-reconhecimento) para enfrentar oposições e sendo insuficiente, a reestruturação do poder  caminha para a agressão, que é ato de entrar no território do outro: “aqui estou eu, você pode chegar até este ponto, não mais”.

May  conceitua o poder como a capacidade para causar ou impedir mudanças, o que pode ser exercido como poder latente- possibilidade no futuro- ou poder em ação. Ele apresenta 5 modalidades:

  1. Poder explorador- Ligado à força.
  2. Poder manipulador- Poder sobre outra pessoa. Vale-se de fraquezas, necessidades, ansiedades.
  3. Poder competitivo- Poder contra alguém. Ele pode ser exercido para fazer o outro cair a fim de subir sem os méritos necessários, ou por meio de uma rivalidade estimulante e construtiva.
  4. Poder nutrício- Poder para o outro. Figura paternal direcionada para o bem-estar.
  5. Poder integrador- Poder com a outra pessoa. Formula-se uma tese, deseja-se  ouvir uma antítese, resulta uma síntese.

Direcionando para a beira do leito, a auto-afirmação do médico é essencial, sentimento de valor, narcisismo benigno, crer em si, estar consciente que desenvolveu um ser médico que reconhece autêntico e capacitado a cuidar das necessidades do paciente sem o uso de nenhum tipo de violência perante a vulnerabilidade.

Já o auto-reconhecimento lida com o poder de ser contra o não-ser. Frente a uma oposição, é preciso ultrapassá-la, o que coloca a beira do leito num cenário institucional (uso do poder pessoal para reinvidicar infra-estrutura), num ambiente de sistema de saúde (uso do poder pessoal para a conciliação de interesses) e num clima de relacionamento de profissional da sáude com demais ou com paciente/familiar (uso do poder pessoal em prol da harmonia).

A adoção do princípio da autonomia repudia a agressão da coerção, da submissão a um procedimento sem o estabelecimento bilateral de limites. O atendimento às necessidades do paciente não é simplesmente a junção de dois monólogos, o do fornecimento de fatos e de dados pelo mesmo e o da atuação técnico-científica sobre os mesmos pelo médico, é essencial aclimatar na emissão e na recepção bilateral, o diálogo do acolhimento e do esclarecimento.

A Bioética da Beira do leito rejeita a exploração que embute conflitos de interesse e a manipulação que se vale da vulnerabilidade do estar doente. Por outro lado, aprecia a competição construtiva, a alimentação do bem-estar e a excelência na constante discussão de validações  de eficiência.

COMPARTILHE JÁ

Compartilhar no Facebook
Compartilhar no Twitter
Compartilhar no LinkedIn
Compartilhar no Telegram
Compartilhar no WhatsApp
Compartilhar no E-mail

COMENTÁRIOS

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POSTS SIMILARES

fev0 Posts
mar0 Posts
abr0 Posts
maio0 Posts
jun0 Posts
jul0 Posts
ago0 Posts
set0 Posts
out0 Posts
nov0 Posts
dez0 Posts
jan0 Posts
fev0 Posts
mar0 Posts
abr0 Posts
maio0 Posts
jun0 Posts
jul0 Posts
ago0 Posts

fev0 Posts
mar0 Posts
abr0 Posts
maio0 Posts
jun0 Posts
jul0 Posts
ago0 Posts
set0 Posts
out0 Posts
nov0 Posts
dez0 Posts
jan0 Posts
fev0 Posts
mar0 Posts
abr0 Posts
maio0 Posts
jun0 Posts
jul0 Posts
ago0 Posts