Dr. CARLOS ALBERTO PESSOA ROSA
Quando ouço ou leio em um Congresso a frase “Estado da arte”, fico a imaginar de onde veio, para quem é dirigido e o que, realmente, significa. Seria motivada pela ansiedade de que ciência e arte se encontrem em algum momento? Teria o idealizador de tal o desejo de resolver o conflito histórico entre a razão e o devaneio? Descartes ou Bachelard? Ou seria apenas uma questão de modismo vazio e estéril? Encontraríamos alguma semelhança entre “A Morte de Sardanápalo”, de Delacroix, e os estudos do professor Wenzel ao tentar descobrir a causa da epilepsia dissecando vinte cérebros, estudando-os minuciosamente e analisando as características das glândulas pituitária e pineal? Ou mais próximo de nós, haveria alguma conexão entre “Tratado geral das grandezas do ínfimo” de Manoel de Barros (1916-2014) e a técnica de ablação? Não seria utopia ou vaidade incontinente imaginar que palavras guardem poesia e ciência em único tempo? A arte poderia contribuir em mu ito com sua insignificância para a ciência, o problema é saber se a ciência está preparada para suas profundidades.
Tratado geral das grandezas do ínfimo
A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogios.