Elaine Marques Hojaij
Psicóloga
Não estamos à beira deste leito mas ao que tudo indica, em breve estaremos (será?).
No último dia 10 de março surpreendeu-me a notícia, publicada num dos sites mais populares, de que em 2017 acontecerá o primeiro transplante de cabeça.
Um italiano, Sérgio Canavero, é o responsável pelo desenvolvimento deste método terapêutico. E seu projeto chama-se HEAVEN: Head Anastomosis Venture Project.
O propósito é o de tratar casos de câncer e doenças degenerativas.
A notícia aponta para a necessidade de um pós-operatório de 1 ano sem andar. Também refere que questões técnicas e éticas (que bom!) já estão em discussão.
Ao mesmo tempo em que fiquei curiosa para conhecer mais, confesso que senti medo.
Até onde vai a medicina?
Se transplantar corações, associados diretamente a emoções, já causa tantos conflitos ao receptor, como será com um transplante de cabeça? Como viver e conviver com o corpo de outra pessoa ligado a seu pescoço? Como fica a imagem corporal, a identidade?
O que se pretende? Curar ou provar a capacidade de superar as imposições da natureza, da vida, e demonstrar supremacia? É uma questão de ego? Até onde o beneficiário será o paciente?
A ciência, por vezes, me assusta…
Poderia isto dar certo, sob o olhar tanto da equipe quanto do paciente?
Por enquanto, permaneço de mãos dadas com São Tomé.