O quinino está de volta! É ancestral químico da hidroxicloroquina. Quem gosta de água tônica consome um quantidade ínfima.
Suas propriedades medicinais estão ligadas a lenda em cenário da América do Sul. O título pode ser A casca do jesuíta que cura febre.
A história do quinino insere-se nas observações do anatomista Oliver Wendell Holmes (1809-1894): “… A medicina sempre se apropria do que possa mitigar o sofrimento e, assim, aprendeu com um monge como usar o antimônio, com um soldado como tratar a gota,, com um marinheiro como prevenir o escorbuto, com um carteiro como desobstruir a trompa de Eustáquio, com uma leiteira como prevenir a varíola e com uma comerciante a causa “externa” da escabiose e com um jesuíta como curar febres…”
Um jesuíta em missão de catequese nos Andes peruanos moribundo com febre altíssima foi salvo pelo chá da casca de uma árvore servido pelos indígenas. A Condessa de Cinchona, esposa do Governador do Peru estava com febre e mau estado geral e recebeu o chá da casca da árvore e se recuperou. Em ambas as situações, os relatos destacam que o uso se deu apesar dos protestos dos médicos.
Credita-se a Carl Nilsson Linnæus (1707-1778) a denominação de cinchona à árvore que fornece a referida casca, e que originou uma derivação do termo para quinino cerca de um século após a sua introdução na Europa com grande impacto: cinchona está para a medicina assim como a pólvora está para a guerra. Na Inglaterra, uma mistura de quinino, folhas de rosa, suco de limão e água fez sucesso no alívio de febres. Especialistas em cinchona receberam títulos honoríficos.
Como ocorre em muitas circunstâncias, quinino foi alvo do abuso, prescrito em casos dissociados de indicação e em doses exageradas causadoras de malefícios. A História de Medicina registra que foi Thomas Sydenham (1624-1689), o epônimo da coreia associada à doença reumática, quem difundiu o uso do quinino para casos de malária.