Doenças são destruidoras, transformam fisiologia em fisiopatologia. Exigem métodos de combate agressivos e, ao mesmo tempo, obediência do paciente ao processo terapêutico e preventivo. Adversidades comumente convivem com o benefícios pretendidos com a conduta recomendada pela tecnociência validada e atualizada. O progresso tem acrescentado vantagens evolutivas de modo acelerado, em variados graus de relação risco-benefício. Chances pequenas por inovações justificam risco alto quando até então não se dispunha de nenhuma opção terapêutica. A liberdade ao não consentimento existe, mas é pouco atuante no mundo real da beira do leito ética, vale dizer, dialógica, esclarecedora, sincera, comprometida com o estado da arte e sensível ao humanismo. Em suma, a boa Medicina admite recomendação válida pela equipe profissional com potencial de efeitos bons e maus e aderência estrita pelo paciente ao conhecimento que, aliás, precisa ser por ele incorporado para maior grau de adesão, são fatores essenciais para elevar a probabilidade de sucesso terapêutico.
Porque danos são praticamente inevitáveis para o alcance do benefício e porque o paciente fica dominado pelas tarefas terapêuticas, seria lícito pensar, sob a plataforma do binômio autonomia-consentimento, que a atenção às necessidades de saúde do paciente é uma forma – inevitável- de dever e de direito a uma representação admissível de violência e de escravidão.