O Sistema de Saúde Único, o SUS, alicerçou-se nos princípios “finalísticos ” da universalidade, equidade e integralidade e nos “princípios estratégicos” da descentralização, regionalização, hierarquização e participação social.
A universalidade refere-se ao contexto da saúde como direito de todos e dever do Estado, todos os serviços acessíveis a toda a população. A integralidade significa contar com estruturas, pessoal e recursos para diagnóstico, prevenção, tratamento e reabilitação. A equidade contém a noção que haverá igualdade de oportunidades para cada cidadão à medida em que seja reconhecida a sua peculiaridade de necessidade – tratar desigualmente os desiguais= igualdade de oportunidades-.
Não faltam temas para análise crítica sobre concepção, pertinência e viabilidade no modelo SUS. Observa-se que a fidelidade ao SUS em grande parte não é uma extensão natural da satisfação, mas uma questão de exigência de direitos em meio a impossibilidades econômico-financeiras pessoais para atender à chamada saúde suplementar.
A minha experiência de décadas como médico em um hospital de ensino com maioria dos pacientes – portadores de cardiopatia- atendidos pelo SUS e considerando os “princípios estratégicos” permite afirmar que a fidelidade atrelada à satisfação em ambiente SUS é possível e especialmente função da qualidade dos recursos humanos, da mentalidade institucional sobre atenção às necessidades de saúde da especialidade – prioridade terciária/quaternária- e das tipicidades de inserção do hospital no sistema de saúde.
Numa linguagem da Bioética, o modelo SUS tem condições de viabilizar a consecução do imperativo ético de maximizar o bem-estar e a segurança do paciente, prover o mais expressivo benefício e o menor nível do dano inevitável. O de fato executado, benéfico e seguro dentro das possibilidades da Medicina, caso a caso, tem chance de representar uma aplicação eficiente do recurso financeiro disponibilizado. A reação recompensadora é a maximização da dualidade entre menos desperdício (recurso/humano) e mais aproveitamento (humano/recurso) na “química” do desempenho competente e produtivo com metas interligadas, pensamento sistêmico e execução compartilhada. A catálise é a gestão austera e mobilizada pela energização de um entendimento crítico, inclusivo, criativo, flexível e valorizador das responsabilidades.