Homem de 68 anos de idade, capaz e que vive sozinho, está matriculado num Serviço de Hospital Universitário. Ele apresenta doença crônica e grave além de várias comorbidades. Ele deixou de comparecer às consultas ambulatoriais pelo SUS há cerca de 20 meses. A antiga prescrição com 6 medicamentos é descumprida: “às vezes eu tomo alguns deles“.
Em decorrência, a sua situação clínica agrava-se periodicamente, quando, então, ele procura atendimento no Pronto Socorro. Os cuidados em Emergência vêm sendo cada vez mais frequentes e mais difíceis para resolução.
O caso provocou reuniões multiprofissionais e interdisciplinares. Resultaram os seguintes posicionamentos nos ângulos do Pentágono da Beira do leito:
Medicina e ciências da saúde afins: O atendimento tão-somente nos momentos de agravamento clínico é insuficiente para desacelerar a evolução da história natural das morbidades do paciente. Todavia, há recursos técnicos, científicos e humanos para preservar a vida do paciente, por enquanto.
Profissional da Saúde: A Equipe do ambulatório concluiu que já esgotou os meios para provocar uma consulta e para dialogar com o paciente. A Equipe do Pronto Socorro mostrou-se dividida em relação a manter o atendimento. Houve concordância que o paciente persiste capaz, endossando uma inter-consulta com a Psiquiatria.
Paciente é repetitivo em dizer à alta do Pronto Socorro, após receber receita médica e agendamento de consulta em meio a conselhos pró-aderência à recomendações médicas, que “daqui pra frente será diferente”, enfim nunca realizado. Único familiar – que leva o paciente ao Pronto Socorro- declarou-se sem condições de mudar a atitude do paciente.
Sistema de Saúde: É essencial o respeito aos princípios SUS da Universalidade, Equidade e Integralidade na atenção à saúde da população brasileira.
Instituição de Saúde: Reunião de diretores manifestou preocupação com o excesso de custo resultante do comportamento do paciente. Um consultor em Bioética foi convocado para orientar.
Você, bioamigo, é este consultor. Como habitual, você se envolve com os vários aspectos da questão, analisa os dados clínicos e o prognóstico, conversa com os profissionais e, até, com o paciente numa presença do mesmo no Pronto Socorro. Você termina convencido que a situação persistirá inalterada.
Uma reunião é agendada para ouvi-lo.
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