O filósofo francês Jean Buridan (1300-1358) ficou famoso pelo asno que mentalizou. O asno de Buridan representa o paradoxo de se deixar morrer em função do livre-arbítrio para decidir o que fazer para bem viver.
Buridan considerou que o asno movimenta-se invariavelmente na direção do que estiver mais próximo. Em decorrência, a colocação de um feixe de feno e de um recipiente de água a igual distância do animal impedirá uma tomada de decisão e o animal morrerá de fome e de sede. Este pensamento é aplicado a estudos sobre inteligência artificial.
Quem tem experiência com a beira do leito sabe que muitos pacientes ficam paralisados quando instados pelo médico a tomar uma decisão autonômica entre o método A e o método B. Eles não conseguem distinguir qual deles encontra-se mais perto de suas preferências e desejos em relação ao risco/benefício.
Diante da situação, o médico perspicaz e empático repete os esclarecimentos e se propõe ao diálogo com o objetivo de uma deliberação. Ao constatar que a hesitação do paciente é recorrente, o médico poderá ficar propenso a e dar um empurrãozinho numa direção. Evidentemente, ela será a que julga mais favorável para o paciente.
A autonomia fica contaminada por um grau de paternalismo.