Bioamigo, leia o caso e opine sobre a questão prática do cotidiano
JFV é um homem de 49 anos que saiu do Consultório do médico, comprou o medicamento prescrito na Farmácia do bairro e, chegando em casa, comentou com a esposa a necessidade de tomar remédio por um bom tempo. Ela perguntou: – “Mas você não vai ler a bula antes? Já se esqueceu do que aconteceu comigo?”
A leitura se deu após o jantar, o casal sentado no sofá, ele lendo e ela atenta a cada palavra. O ambiente ficou tenso à medida que JFV dava sequência a uma série enorme de reações adversas: “… náuseas, vômitos… astenia… redução da memória… A seguir, JFV parou e diante do olhar inquisitivo da esposa prosseguiu com evidente dificuldade: “… infarto do miocárdio, parada cardíaca…”. A reação foi imediata: “… Prefiro ficar com a minha tiroide preguiçosa, amanhã volto na Farmácia e troco por uns sabonetes.
PS- A bula é verídica.
Uma resposta
O profissional deve conhecer os efeitos colaterais mais frequentes e intensos do medicamento prescrito, com certeza. Só assim poderá orientar o paciente. As bulas seguem as normas da ANVISA, são gigantescas e monstruosas, tem um caráter defensivo, sem dúvida. Entretanto, o que vemos hoje é um desconhecimento profissional sobre os efeitos mais frequentes. Veja a história desse paciente: procura otorrino por apresentar tontura, é medicado com flunarizina, começa a apresentar depressão e tremor nos membros. Vai ao psiquiatra que lhe receita um antidepressivo e ao neurologista que o trata como portador de doença de Parkinson. Chega na consulta com flunarizina, pamelor e levodopa, não conseguindo se manter em pé. Exame clínico com sinais claros de hipotireoidismo, confirmado por exame laboratorial. Vejamos: o psiquiatra não se importou com o uso da flunarizina e seu potencial efeito depressivo, o neurologista também não reconheceu no tremor um possível efeito colateral do mesmo medicamento. Pior, nenhum dos três pensou em uma doença endócrina. Conclusão: seria interessante os pacientes se preocuparem com as bulas se os médicos não estão preocupados com os efeitos colaterais dos medicamentos.