Novidades da Medicina são matéria jornalística habitual. Especialmente quando se trata de inovação e da comunicação do potencial de bons resultados com determinado método de diagnóstico e de tratamento.
Muitas informações são tão somente perspectivas otimistas derivadas de pesquisas conduzidas em ambientes qualificados e a comunicação leiga aumenta a expectativa sobre bons cuidados com a saúde.
Não é incomum o leitor médico perceber que a matéria jornalística contém mensagem além da habitual moderação dos pesquisadores sobre projeções de utilidade e de eficácia de achados de pesquisa no mundo real dos cuidados com a saúde.
O Código de Ética Médica brasileiro vigente contém um trio de artigos sobre a situação: É vedado ao médico permitir que sua participação na divulgação de assuntos médicos, em qualquer meio de comunicação de massa, deixe de ter caráter exclusivamente de esclarecimento e educação da sociedade (art.111), divulgar informação sobre assunto médico de forma sensacionalista, promocional ou de conteúdo inverídico (art. 112) e divulgar, fora do meio científico, processo de tratamento ou descoberta cujo valor ainda não esteja expressamente reconhecido cientificamente por órgão competente (art.113).
Há um alerta, pois: podem ocorrer exageros, a interpretação veiculada excede o que se pode esperar dos dados obtidos no momento atual do conhecimento. Observam-se três causas para a má informação sobre resultados científicos de impacto: a) conexão inadequada entre o evento A e o evento B; b) transportar resultados em animais para o âmbito humano; c) aconselhar o leitor a praticar as mudanças que poderiam ser cogitadas dos dados científicos obtidos.
Os estudiosos do assunto entendem que a causa principal da informação inadequada que aparece na mídia é a comunicação aos jornalistas a partir de instituições acadêmicas geradoras de conhecimento, a chamada press release.
Os números são expressivos, conforme o artigo recente The association between exaggeration in health related science news and academic press releases: retrospective observational study:
http://www.bmj.com/content/349/bmj.g7015.full.pdf+html. Quando a press release contém exageros, a maioria das matérias jornalísticas associa-se a superdimensionamento dos fatos e quando não fazem, mais do que 80% do veiculado na mídia está bem dimensionado.
É desejável que a press release seja elaborada como parte da publicação científica e com a participação responsável dos autores da pesquisa em prol da necessária credibilidade e transparência para a repercussão habitual na sociedade.