O ecossistema da beira do leito produz um conjunto de sons como palavras que são portadores de sentidos. Interlocutores apreendem os sons transmitidos e interpretam sentidos, assim, mensagens são emitidas e captadas.
Há infinitas influências sobre relações palavras-sentidos que modulam a comunicação no que se pretende e no que resulta. Há personalismos e há regionalismos da linguagem. Acresce o dito por Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski (1821-1881): Os sentidos que devem ser instrumentos da verdade são, contudo, influenciáveis pela subjetividade o que faz o ser humano manipular a percepção, distorcer mesmo o que dizem seus sentidos.
A questão é universal: A linguagem na conexão médico-paciente relaciona-se com o mundo da medicina ou com as mentes de profissionais e leigos? Há uma realidade externa universal – como querem os realistas – ou o que há é uma interpretação individual em que cada um rotula ao seu modo de perceber – como querem os idealistas? Evidentemente há a linguagem técnica com definições precisas como da anatomia, do diagnóstico, da farmacologia, mas, há, também a linguagem do enfoque humano altamente sujeita a escolhas pessoais de vocabulário.
Então, em pleno século XXI, em função da contemporaneidade dos entendimentos sobre medicina social, evitação de cientificismo e tecnicismo e valorização do humanismo, é essencial distinguir quando a linguagem na beira do leito hierarquiza a visão do mundo da medicina e quando ela é empregada “à moda do emissor”.
Numa consideração bem prática, um ponto de referência é a interrogação “É bom para quem?” Idealmente, métodos diagnósticos, terapêuticos e preventivos devem “ser bons” desde o médico até o paciente, vale dizer, apresentarem utilidade e eficácia no tecnocientífico e reconhecimento como tal no humano. O termo bom convive com certas imprecisões de calibragem na escala entre pior e melhor, assim conotando, habitualmente, uma mescla de objetividades e subjetividades em variadas proporções.