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1674- Percepção da existência (Parte 6)

A contextualização cultural favorece a percepção de seriedade profissional que nutre a determinação e a constância na tarefa do fumante tornar-se um ex-fumante para sempre. Reforçando, desejar é uma coisa, mudar é outra coisa e exige integração entre a mente do desejo, o sentimento de estar cumprindo e a sensação de que algo está de fato mudando – uma nova alquimia interior – com a cessação do tabaco, ou seja a afirmação do valor da relação entre conhecimento e existência subjugando a negação.

O tabaco iniciou sua “convivência” entre os europeus considerado uma panaceia. Ele foi trazido para a Grã-Bretanha por Walter Raleigh (1554-1618), um pioneiro da colonização americana, na intenção de ser especialmente útil para curar sífilis, que fora introduzida na Europa na mesma época. Portanto, o tabaco foi inicialmente entendido como um remédio.

Foi o embaixador francês em Portugal Jean Nicot (1530-1604) – origem da palavra nicotina – que introduziu a planta na França como “infalível” para úlceras cancerígenas, usada como rapé para enxaqueca, como fumaça para alívio da asma, ritualisticamente por meio de enormes charutos fumados sobre o doente e como folhas aplicadas nas feridas.

Todavia, o rei Jaime I (1566-1625) editou um decreto (Counterblaste to Tobacco) contra o uso do tabaco, com penalidades, justificando como costume repugnante aos olhos, odioso ao nariz, prejudicial ao cérebro, perigoso aos pulmões… semelhante à fumaça do rio Estinge da terra dos mortos na mitologia grega. 

Foram precisos alguns séculos para o endosso ao antitabagismo de Jaime I. A associação entre tabagismo e desenvolvimento do câncer de pulmão foi percebida na Europa na primeira metade do século XX, com destaque para a pesquisa pioneira de Rudolf Fleckseder (1877-1938) que constatou que havia 51 fumantes entre 54 portadores de câncer de pulmão e para o mundialmente impactante Smoking and Health. Report of the Advisory Committee to the Surgeon General of the Public Health Service, quando pela primeira vez um órgão governamental de alta relevância firmava definitivamente a ligação entre tabagismo e câncer (1964).

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