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1653- Autonomia e heteronomia no ecossistema da beira do leito (Parte 19)

A circunstância da heteronomia como favorecedora da autonomia é ilustrada no aprendizado disciplinar do médico agregado a uma supervisão em prol da segurança, como ocorre na residência médica, em que a organização, a sistematização e o ganho de individuação profissional sob submissão temporária funciona como uma heteronomia desejada em busca da futura liberdade, da qualidade no exercício da autonomia médica responsável.

É pedagógico substanciar em prol da abrangência e profundidade de análise sobre o tema autonomia/heteronomia no ecossistema da beira do leito que os médicos por partirem de uma condição de leigo nas coisas da medicina, necessitam de orientação/supervisão – leia-se heteronomia – a fim de satisfazer a necessidade psicológica básica de autonomia – senso de propósito e senso de controle – e, ao mesmo tempo, adquirir competências numa estrutura de cuidado e segurança do paciente.

Numa síntese, ocorre o efeito Orloff  da residência médica (eu serei você amanhã), porque tenho vontade de aprender, preciso aprender com o sistema para nele poder me conduzir com semelhante liberdade.  É o renascimento continuado do médico com inspiração hipocrática: ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, pela conversão do passivo reprodutivo em ativo produtivo.  E para não perder o fio da meada, repetimos, é da boa heteronomia do médico sustentada por sua autonomia profissional que se nutre a autonomia na qualidade dos esclarecimentos. 

A motivação autonômica mais a aquisição de conhecimentos, habilidades e atitudes fundamentam o ganho de independência/liberdade profissional (concedida pelo meio profissional) dos médicos, vale dizer, eles desvencilham-se progressivamente de heteronomias de graduação e pós-graduação, ao mesmo tempo em que se agarram a outras heteronomias para apoio rotineiro conscientes da legitimidade de expansões e com discernimento sobre limitações.

A interação do direcionamento para o racional, reposicionamentos da bagagem leiga e experiências de escolhas durante a pós-graduação da residência médica facilitam os médicos mais bem compreender os processos de tomada de decisão do paciente por ocasião de seus atos de  recomendação médica. A tolerância é uma decorrência.

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