Elaborado em coautoria com o Prof. Dr Wilson Jacob Filho
Bioamigo, fica a questão: Será que acontece a mesma tendência igualitária em relação à idade? Com os extremos profissionais de idade? A resposta não é tão favorável dado aspectos de percepção cultural, mesmo havendo a natural impossibilidade de uma idade fixa para todos. O papel social do envelhecimento tem sido entendido de modo distinto de uma pessoa para outra, de uma geração para outra e de uma sociedade para outra.
É sabido como um percentual de pacientes não aceita ser atendido pelo residente de medicina, nem para tão somente anamnese e exame físico -, outro percentual deixa de se consultar com o médico que até então foi “bom médico”, pois, agora ele “está velho”, bem como um percentual não reduzido de médicos jovens ignora orientações dos colegas com números de CRM bem mais baixos que deixaram suas funções de comando mas permanecem colaborando no hospital, entendendo a priori como ultrapassadas e desatualizadas, assim, beirando ao discriminatório, como se houvesse prazo de validade universal para a competência. Como dito em poemas e canções: Respeitem ao menos os cabelos brancos.
Foi no século XIX que surgiu gradativamente a conscientização de diferenciações entre funções, hábitos e espaços em relação a infância, adolescência e velhice em relação à vida adulta. O desenvolvimento da noção de senescência sustentou-se num binômio formado por saberes da medicina e institucionalização da aposentadoria.
Credita-se ao médico austríaco-americano Ignatz Leo Nascher (1863-1944) o estabelecimento de bases clínicas para a identificação da velhice ligadas ao conceito de degeneração do corpo e que gerou o termo geriatria, ou seja, a identificação da velhice era possível por meio do saber médico.
No decorrer do século XX verificou-se a inadequação de conceituar a idade mais avançada como expressão invariável de decadência física, invalidez, isolamento e pijama como uniforme do cotidiano. Criou-se, então, o termo terceira idade na segunda metade do século para indicar a possibilidade crescente de usufruto de uma vida qualificada, útil e prazerosa, até mesmo classificável como melhor idade. O Estatuto da Pessoa Idosa que dispõe no Brasil sobre a garantia de prioridades ao idoso incluindo a capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia é contemporâneo a esta mudança de paradigma a respeito do idoso.