Autonomia: A Bioética da Beira do leito entende que cada biótico atuante no ecossistema da beira do leito deve ser respeitado em seu direito ao exercício da autonomia. O problema é o quanto haveria de hierarquia entre as situações de autonomia individual.
Sigmund Freud (1856-1939) disse que o Eu é um palhaço tolo que se intromete em tudo no circo para que os espectadores pensem que é ele quem dirige tudo o que ocorre. Evidentemente, a beira do leito não é um circo, muito menos o médico um palhaço, mas vale o espírito da observação que por mais que o conhecimento tecnocientífico esteja concentrado em membros de uma equipe profissional, os movimentos sofrem influência de leigos, quer paciente, quer familiar, quer circunstantes, profissionais ou ocasionais, no ecossistema da beira do leito.
Em outras palavras, a captação de beneficência e de maleficência comunicadas ao paciente como expectativa de benefício e de malefício pelo mesmo subentende uma sujeição a outros. Assim, a qualificação da comunicação de beneficência e (não) maleficência tem uma calibragem de recepção pelo paciente entre boa e má notícia. otimismo e pessimismo, aceitação e negação. As resultantes sustentam a voz ativa do paciente que se alinha ao direito à autonomia sobre as questões da própria saúde.
Sob o ponto de vista do médico, ele se esforça para hierarquizar o lado bom de toda notícia numa visão de contemporânea de saúde/doença, quer a respeito de uma terapêutica que embora arriscada tem potencial de beneficiar a qualidade de vida/prognóstico, quer a respeito de um compromisso com cuidados paliativos em circunstâncias de impossibilidade de sucesso da terapêutica. Desdobramentos incluem o não consentimento provisório ou definitivo pelo paciente e a busca por uma segunda opinião.
Atualmente, é essencial que o médico ouça do seu paciente um Sim, doutor, consinto com a sua recomendação, antes de aplicar. É uma questão de prudência no processo de tomada de decisão.