A Integridade abrange o fato que o médico – como todo profissional da saúde em geral – ingressa na faculdade portando uma bagagem pré-profissional constituída pelo que incorporou por meio da educação na família, na escola, nos livros, nas artes, nas convivências várias. Após os primeiros contatos com a futura profissão, o jovem vai fazendo ajustes ao que observa e endossa do profissionalismo. Assim, o médico se torna membro de uma comunidade de interpretação específica, um militante de saberes e sabedorias com suas especificidades de conhecimento, habilidade e atitude numa mistura de individualidades e do coletivo.
A Bioética da Beira do leito intenciona cooperar para que haja uma produtiva interação entre o disposto pelo compliance institucional e o determinado pela Integridade individual perante os (a)casos dos atendimentos na beira do leito. Os acasos formam-se em função da pluralidade de justaposições entre práticas do conhecimento, da habilidade e da atitude na conexão entre a tecnociência da medicina e seres humanos representados pelo profissional da saúde e o paciente habitualmente um leigo vulnerável.
As interações entre o compliance institucional e a Integridade individual reduzem quaisquer pressuposições de intenção institucional por patrulha moral ou criação de uma Novilingua na beira do leito. Ademais, a Bioética da Beira do leito ao associar o valor integrativo do par compliance institucional e Integridade individual ajuda a evitar que justificativas para o compliance institucional sejam fundamentadas em pensamentos apriorísticos que desqualificam o profissional da saúde como um potencial agente do indesejado/desnecessário/dano que cuida de uma potencial vítima sem voz ativa. A Bioética da Beira do leito enfatiza que uma atmosfera impregnada de nuvens de culpa profissional desta natureza, na verdade, representa um neopaternalismo disfarçado de antipaternalismo.
Como se sabe, a verdade é do conhecimento e o valor é do desejo e os alinhamentos entre ambos na justaposição entre ciência e humanismo associam-se a enormes incertezas, desafios e dilemas. Neste sentido a Bioética da Beira do leito – com a participação da ética da responsabilidade que quer que nos responsabilizemos não somente por nossas intenções ou nossos princípios, mas também pelas consequências de nosso atos, tanto quanto possamos prevê-las – é ferramenta útil para a educação, o treinamento e a aplicação do compliance.
Assim, a beira do leito contemporânea precisa da integração de três componentes: o interior da pessoa do profissional forjado independente da profissão, as disponibilidades de utilidade e eficácia da medicina, suas especialidades e áreas de atuação e as regulações externas da sociedade, do sistema de saúde, da instituição de saúde.
A Bioética da Beira do leito coopera para que haja a harmonia, a efetividade de um compliance que promova a paridade entre as partes envolvidas, ou seja, simetrias entre a heteronomia de regulações externas e a autonomia das individualidades humanas partícipes no ecossistema da beira do leito.