3832

PUBLICAÇÕES DESDE 2014

1586- Útero e Bioética (Parte 1)

Bioamigo, você se lembra de quando esteve no útero?
Alguma vez manifestou gratidão à placenta e ao cordão umbilical pelo
sustento por meses?
Já desejou metaforicamente retornar ao útero em situação de sufoco?

 

 

Há a maternidade e há a maternagem. A maternidade alinha-se à relação consanguínea entre mãe e filho(a). A maternagem refere-se ao vínculo afetivo de atenção às necessidades do recém-nato. Tradicionalmente, a maternagem tem sido relacionada intrinsicamente à maternidade entendida como função natural e instintiva da mulher em correspondência a dar à luz e à amamentação. Modificações expressivas aconteceram nas últimas décadas acerca deste contexto em planos teórico e prático, inclusive com maior difusão e participação pela sociedade.

A Bioética respeite todo ser vivo, como princípio e fim em si mesmo e trate-o, se possível enquanto tal de Jahr, ética da vida, responsabilidade com o equilíbrio e consciência de efeitos de longo prazo da ciência de Potter e principialista de Belmont alinhou-se e beneficiou os vaivéns reflexivos em torno do par maternidade/maternagem.

A Bioética contribui para ampliar a reflexão sobre os prós e contras das escolhas relacionadas à maternidade/maternagem, abordando questões de dignidade, liberdade e afetos. A maternidade adequa-se ao conceito que o ser humano é tanto produtor quanto produto de si mesmo, sendo ao mesmo tempo autônomo e dependente do meio ambiente. Ela ilustra o valor das interrelações entre desejos, direitos, normas, interesses e segurança. A maternidade também se alinha com conhecimentos que exigem uma interface com a moral, a ética e o direito. A maternidade representa solidariedade com um outro que é parte de si, sendo essa a base da maternagem.

Derivada do latim “maternitas,atis”, que significa a qualidade de ser mãe, nada mais humano e, ao mesmo tempo, arriscado à desumanidade. Determina desde esperos tranquilos até des-esperos árduos, pautando esperanças em pensamentos e provocando vivências de decepções. Embora não haja originalidade na função em si, existe uma extrema necessidade de proximidade com o que é correto.

Um dia, descobriu-se que as barrigas femininas crescem porque existe um útero dinâmico que abriga um ser humano em desenvolvimento. O momento exato desta descoberta, seja lá como tenha ocorrido, está perdido nos anais da história da humanidade. Entretanto, o exercício da Bioética não pode “esquecer” o impacto de constatações relevantes que, com o tempo, se tornaram banalidades para as gerações subsequentes. Cada camada do conhecimento dá sustentação à que a superpõe e a conservação do seu valor intrínseco no desenvolvimento cultural beneficia a qualidade das fundamentações de reflexões no âmbito da Bioética que objetivam lidar com um singular cuidando para respeitar propósitos universais.

O espírito observador que percebeu a barriga da mulher como abrigo da procriação humana não é distinto do que apoia apreciações críticas de associações entre quero/posso/devo. Elas constituem manancial fértil de temas
complexos que admitem contribuições úteis pela Bioética. Ser capaz e ao mesmo tempo não ser obrigada a gerar descendentes – ou mais um – é fonte de tensão para a mulher. Dilemas pessoais e relacionais resultantes
requerem avaliações sobre vantagens/desvantagens e responsabilidades numa base ou/ou ou se/então de tomada de decisão.

COMPARTILHE JÁ

Compartilhar no Facebook
Compartilhar no Twitter
Compartilhar no LinkedIn
Compartilhar no Telegram
Compartilhar no WhatsApp
Compartilhar no E-mail

COMENTÁRIOS

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POSTS SIMILARES

fev0 Posts
mar0 Posts
abr0 Posts
maio0 Posts
jun0 Posts
jul0 Posts
ago0 Posts
set0 Posts
out0 Posts
nov0 Posts
dez0 Posts
jan0 Posts
fev0 Posts
mar0 Posts
abr0 Posts
maio0 Posts
jun0 Posts
jul0 Posts
ago0 Posts

fev0 Posts
mar0 Posts
abr0 Posts
maio0 Posts
jun0 Posts
jul0 Posts
ago0 Posts
set0 Posts
out0 Posts
nov0 Posts
dez0 Posts
jan0 Posts
fev0 Posts
mar0 Posts
abr0 Posts
maio0 Posts
jun0 Posts
jul0 Posts
ago0 Posts