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1567- Aliança Bioética urgente! (Parte 4)

De certa forma, a Bioética tornou-se uma voz interna confiável aconselhadora de ajustes, desinstalações e reconstruções sobre o ser/estar/ficar médico, pari passu com as sequentes mudanças de conteúdo e forma da medicina e suas mutáveis necessidades profissionais alinhadas a determinantes sociais, culturais, econômicos e políticos. 

A Bioética admite composições de efeitos semáforo (hora de avançar, hora de parar, ligados à vontade de se aproximar ou de se distanciar), escotismo (Sempre alerta! Por maior certeza que haja, deixar uma porta aberta à dúvida) e Orloff (ausência de indisposições amanhã!) e anteposição ao efeito Gerson (levar vantagem em tudo, alerta sobre conflitos de interesse).

Com exatos 30 anos de médico sem me envolver conscientemente com a Bioética e próximo de outros 30 anos a ela adstrito, em nome da forte massa crítica comparativa posso afiançar a diferença que contar com a Bioética  proporciona para o respeito ético/moral/legal de um ser humano cuidar da saúde de outro ser humano com suas multidimensionais implicações individuais e coletivas.
A Bioética não permite esquecer que o exercício da medicina no campo ético associa-se a construções culturais em torno da ideia de bem com chances de volatilidade (valores) e a construções filosófico-científica alinhadas a maior racionalidade (princípios), no campo moral associa-se a valores e a construções como atos de vontade, validade e comando (regras) e no campo legal associam-se a princípios e a regras.

A Bioética contribui para apresentar  a beira do leito mais realista. Facilita lidar com deliberações em meio a antinomias entre interioridades e exterioridades, prós e contras de objetividades e subjetividades, divergências entre abstrato e  concreto, possibilidades de desdobramentos das complexidades, em suas infinitas manifestações motivadas pela condição humana frente a impactantes métodos diagnósticos, terapêuticos e preventivos.

O médico está acostumado, desenvolve racionalizações, aplica medicina com boa-fé, mas não pode esquecer que um dia foi leigo, e que pacientes interpretam como “violência” interiorizar um sal sintetizado em laboratório, o espetar de uma agulha, o corte de um bisturi, uma transfusão ou até mesmo a recepção de uma palavra. Reações à leitura de bulas medicamentosas e situações de não consentimento a recomendações corretas ilustram.

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