A Bioética sobreviveu anônima até o século XX quando foi nomeada com um neologismo pelo teólogo alemão Paul Max Fritz Jahr (1895-1953) e ganhou certidão de nascimento com o bioquímico americano Van Renssalaer Potter (1911-2001), habilitando-se, a partir de então a se constituir como uma disciplina. Ganhou espaços em currículos, hospitais e na literatura. Modestos por enquanto…
No amplo intervalo de tempo entre a Grécia antiga e a globalização, a Bioética “oculta” condicionou boas atitudes, algo como uma Bioética de Todos Nós, e, por não estar individualizada e valorizada, não pode evitar horrores morais na área da saúde, embora, de certa maneira, tenha acionado consciências críticas e, por isso, bradar Eu existo! Eu sou útil! Reconheçam-me! Adotem-me!
O reconhecimento da utilidade da Bioética na área da saúde acompanha-se da percepção que sua prática entre seres humanos não dispensa uma ampla teoria advinda do pensamento multiprofissional e transdisciplinar. Muitos saberes e sabedorias diversificadas contribuíram para a pega da Bioética e novos persistem contribuindo incessantemente.
A beira do leito convive com a ciência e a tecnologia organizadas segundo critérios e com opiniões com liberdade a divergências. A Bioética ajustada à beira do leito contemporânea fornece um checklist para que cada profissional possa se responsabilizar com necessária abrangência e profundidade pelos “momentos atuais”.
Seus itens são alvos permanentes de (não)confirmações críticas instrumentalizadas por observações através de uma ampla janela voltada para o mundo e por captações de uma porta aberta sensível ao mesmo. Tudo conta, nada desconta hoje em dia. Prestar conta é preciso.
Um ponto de fusão da teoria com a prática na Bioética da Beira do leito é a verdade inquestionável da atenção às necessidades de saúde do ser humano resumida como o que dura só ocorre mudando e nada começa que não deva acabar, o real, de instante em instante, é uma novidade.