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1438- Questões de temperatura na conexão médico-paciente (Parte 22)

O Poder das redes sociais na beira do leito, ao se materializar na forma “maligna” como uma posse da verdade e não como fazedor de verdade é preocupante pela chance de inverter os sinais de mais beneficência e menos maleficência e nutrir o pensamento e a atuação de uma coletividade com dados parciais, relativos, provisórios e tendenciosos, reduzindo o que é de fato e acentuando o que supostamente poderia vir a ser. Como diria o Conselheiro Acácio personagem de O Primo Basílio de José Maria de Eça de Queiroz (1845-1900), mestre em chavões, medicina não é fácil…

A ascensão do Poder das redes sociais inclui a publicação de comentários depreciativos de paciente sobre o comportamento do médico sem explícita justificativa/prova, inclusive, podendo chegar ao nível da degradação da reputação. Difamações cibernéticas usando mídia digital porque as pessoas podem escrever qualquer coisa na internet – o novo papel em branco que tudo aceita -, têm facilidade para postar imediatamente o que pensam, o que apressadamente avaliam como injusto ou danoso e, nada privado, as insatisfações têm o potencial de ferir a reputação do médico com respingos em toda a classe e adjacências. O poder das redes sociais como uma armadura protetora para trivializar açodamentos de crítica a médicos, deve suscitar em nome da honra profissional uma ampla interpretação do Princípio fundamental V do Código de Ética Médica vigente: Ao médico cabe zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da medicina, bem como pelo prestígio e bom conceito da profissão. A amplitude diz respeito a quando houver o perfeito desempenho ético, sua indevida contestação deve estimular mobilizações para o prestígio e o bom conceito da profissão seja  preservado pelo “direito de resposta”. Discordâncias são humanas, desejos são compreensíveis, mas condescendências têm limites em avaliações judiciosas sobre o mérito e é essencial evitar um clima antidialógico  para o contencioso de “Você sabe com quem está falando?”.

Médicos desde sempre são especialmente sensíveis a comentários negativos feitos por seus pacientes e reagem ao xeque na credibilidade se vendo demitidos, literal ou figuradamente, sem justa causa da beira do leito. Evidentemente, há justas causas a reboque de infrações que levam médicos a serem apenados em tribunais éticos e legais, afinal, sob o ponto de vista disciplinar, o médico está sujeito a cinco penas: a) advertência confidencial em aviso reservado; b) censura confidencial em aviso reservado; censura pública em publicação oficial; d) suspensão do exercício profissional por até 30 dias; cassação do exercício profissional, ad referendum do Conselho Federal de Medicina.

A Bioética da Beira do leito reforça o conselho básico da gestão de crises, por mais impactante que seja o comentário negativo, o médico jamais deve se apressar em contestar por mais que entenda que fará num tom eminentemente profissional, numa fiel expressão da verdade – jamais refazer ou desfazer-se do passado-, dar um tempo reflexivo, assessorar-se devidamente, procurar os lugares certos evita muitos arrependimentos e inversões dos fatos.

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