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1423- Questões de temperatura na conexão médico-paciente (Parte 7)

Nem sempre, no entanto, há regras vigentes ou unanimidade quanto a valores. Sem fio condutor fica difícil traçar fronteiras rígidas entre respeito e desrespeito ao salvo na comunicação médico-paciente, o que embaraça etiquetar a atuação profissional como moral ou não.

A Bioética da Beira do leito compromissada com imprescindível visão holista no exercício profissional na beira do leito, convencida do valor do não enquistamento do médico na medicina pela aproximação da cultura – idealmente por vontade própria com apoio da Bioética- para benefício da missão social, esforça-se para manter um continuado garimpar de saberes extra medicina na finalidade de cultivar a transdisciplinaridade, ou seja, mantém-se animada para uma abertura ampla multirreferencial e multidimensional para conhecimentos. Neste afã, o diálogo com as Letras que o acima referido Art. 34 motiva, proporciona como uma das muitas contribuições, o “empréstimo” do conceito de oximoro.

A Bioética da Beira do leito entende que a figura do oxímoro, fruto da língua viva, é didático na beira do leito para realçar que contrários podem se entrelaçar, que podem se equilibrar, embora sob tensão, não sendo nem fusão nem exclusão. Constatamos esta lição se lermos o Art.34 acima separadamente, antes e depois do salvo, com relação aos destinatário da informação nele mencionados. O ensinamento proveniente da figura de linguagem faz perceber que, no fundo, ambiguidades podem se combinar de modo construtivo, que o que parece mutuamente excludente pode conter coerência entre si, que vínculos acontecem por uma recíproca negação. É notório como a participação opinativa de familiar – quem habitualmente conhece melhor o paciente- na elaboração da estratégia de comunicação de má notícia pelo médico ao paciente é comumente desejável e construtiva sempre que possível.

Além disso, outra contribuição do diálogo transdisciplinar com as Letras a respeito de oximoro, no caso em associação com Psicologia, é no domínio de conflitos médico-paciente: “… As discussões entre aquele médico e seu paciente ficaram tão quentes que não deu outra, o relacionamento entre eles esfriou…”. “… Serei um morto-vivo se o médico aplicar a conduta que fere meus valores…”. “Desculpe, doutor, mas o que o senhor diz que não teve a intenção, para mim foi sem querer, querendo…”. “… Fica frio colega para não queimar a língua…”. ” Ele já chegou de cabeça quente e razão congelada, só podia resultar em confusão…” ” É impressionante como a frieza deste cirurgião esquenta a habilidade de suas mãos…” Nestas frases que são reais, é perceptível como há entrelaçamento dos contrários, coerência e vínculo na recíproca negação.
Sempre priorizando o conceito da transdisciplinaridade, do intuito de travessia e ultrapassagem das fronteiras entre disciplinas, a Bioética da Beira do leito destaca a ampliação da referida aliança às Letras para o campo da física. Trata-se da temperatura, aliás, bem presente nos exemplos acima. 

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