Medicina persiste dos cursos superiores mais procurados pelos jovens brasileiros. Há poucas décadas, após a formatura, exercer a medicina era mais fácil, porém menos eficiente, cada ano que se passa se torna mais difícil, embora mais eficiente.
A observação é que mais eficiência na saúde significa mais contato com complexidades que vão além dos encadeamentos clínicos e tecnocientíficos, transbordam para situações trabalhistas, econômicas e sociais cada vez menos influenciadas pelos próprios médicos responsáveis pelas condutas no ecossistema da beira do leito. Uma decorrência é que então desejosos vestibulandos compõem cada vez mais o bloco de profissionais com queda progressiva de satisfação profissional com o decorrer do tempo.
A Bioética da Beira do leito preocupa-se com esta situação paradoxal a respeito do pertencimento à profissão, haja vista que a medicina em si fica mês a mês mais estimulante por notável aceleração de diversificações, aprofundamentos e inovações.
Ouve-se com frequência que ninguém sabe exatamente como estará/será/ficará o médico daqui a poucos anos, mas segue-se em frente, a continuidade do cotidiano e a contiguidade com o paciente ajudam a persistir carimbando e assinando visando ao bem maior/mal menor/aderência ao conhecimento tecnocientífico validado/respeito ao humano do paciente.
Afinal, 26 séculos de consecutiva atividade pelos filhos universais do Pai da medicina, geração após geração em todo o planeta, provocam fortes resistências a perspectivas sombrias sobre o futuro do médico. Poderá o doutor a postos no ambulatório vir a ser mesmo um robô sabe-tudo faz-tudo ou um brilhante ciborgue de jaleco com grandes botões on/off?