A Bioética da Beira do leito entende que a multiplicação tecnológica traz ao cérebro profissional obscuridades quanto a responsabilidades individuais no processo de tomada de decisão. Em princípio, uma tomada de decisão coletiva contém responsabilidades profissionais individuais, pois uma responsabilidade coletiva pressupõe que todos os partícipes intencionam e contribuem para o objetivo, ou seja, tenham seus cérebros alinhados numa identificação.
A Bioética da Beira do leito adverte, todavia, que a dualidade atuação coletiva e responsabilidade coletiva, embora interligadas, admitem separações, pois pode-se participar sem ter responsabilidade direta na tomada de decisão por baixo poder de influência, por exemplo, ou, então, pode-se compartilhar responsabilidade coletiva por efeito de atuações paralelas embora desconectadas de intenções compartilhadas.
No aspecto do direito à manifestação do consentimento pelo paciente, a Bioética da Beira do leito propõe que só se deve falar em atuação coletiva quando a presença do paciente no processo de tomada de decisão se dá consciente que ele faz parte, que pretende a participação coletiva e assim se dispõe, não necessariamente com mesmo posicionamento. É atividade cérebro-cérebro, por enquanto, fundamentalmente humana, por mais que possa haver apoios tecnológicos.
É digno de nota que é imperioso o trabalho em equipe cérebro-cérebro que, diga-se de passagem, jamais dispensa a contribuição alcançada pela tecnologia, em função das características das condutas recomendável e aplicável. Todavia, a conotação cérebro-cérebro muda na conduta consentida, pois enquanto que nas condutas recomendável e aplicável há a participação de cérebros de modo indireto – via literatura, por exemplo, na conduta consentida, o modo direto cérebro-cérebro entre paciente e médico responsável é o único admissível.
A ascensão do direito à autonomia pelo paciente pós-Belmont trouxe num primeiro momento a recomendação de um fundamental direcionamento do cérebro do médico para o paciente por meio do esclarecimento dialogado seguido pelo livre direcionamento do cérebro do paciente para o médico pela manifestação do Sim ou do Não. Implicou numa demonização do paternalismo, entendido, então, como um antônimo indiscutível da autonomia.