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1297- Teleético (Parte 2)

A rápida reformulação da apreciação sobre teleconsulta interligou-se ao pragmatismo e, em decorrência, superações de negativas eclodiram sustentadas pelo convencimento sincero sobre seu papel social na nova circunstância de vida coletiva, assim revertendo ferrenhos argumentos de antieticidade tais como “consulta de ficção, um fingimento, um faz de conta propedêutico”.

Em meio ao caos epidêmico, passou a vingar majoritária na sociedade civil a conceituação de que a teleconsulta representaria uma conexão humana aceitável como aproximada do presencial, embora destituída da possibilidade do braço examinador do médico, aspecto derrubado para um segundo plano.

O fato foi claro: o receio da contaminação virótica presencial contaminou o pensamento ético e trouxe uma distinta “imunidade” à teleconsulta. Admitiu-se válida na arte de aplicar ciência médica uma tácita cumplicidade “preventiva” comunitária do nem eu o contamino, nem você a mim e tentamos fazer do componente dialógico-visual o mais assemelhado possível ao do atendimento presencial.

A mudança de opinião aconteceu sob a virtude da boa-fé em sua ligação ao moralmente necessário numa reciprocidade, majoritariamente sincera em relação à verdade do momento. Evidentemente, certos conflitos de interesse intercorreram.

Foi demanda radical acelerada numa onda até a raiz das incertezas que abalavam qualquer dogmatismo. Transigiu-se um “novo normal” num processo digno da Janela de Overton. Surpreendente, o efeito rivalizador do desespero a favor do contramodelo! Os argumentos de rejeição da teleconsulta ganharam representações de preconceituosos, frutos de mau entendimento, discriminatórios mesmo.

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