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1294- Autoridade Moral da Experiência. O paradoxo (Parte 1)

Podemos até saber o que estamos falando, mas, comumente, não sabemos como as palavras estão sendo captadas pelo interlocutor Muita vezes, proferimos palavras que por si provocam dificuldades de interpretação tanto emissoras quanto de recepção. Pressupomos significados desajustados em relação ao exposto em verbetes dos dicionários. Há o conteúdo e há a forma.

Paradoxo é exemplo, Considerar paradoxal significa entender que contém elementos que se contradizem. Há inúmeros referidos a pensamentos e à linguagem provocando ao mesmo tempo diferenças e relacionamentos. Nem sempre a contradição é auto evidente na contradição de reciprocidade, ou seja, alguém percebe e possibilita a percepção.

Recentemente, li sobre o Paradoxo da experiência. Fiquei curioso acerca da Autoridade Moral da Experiência pois não captei numa primeiro momento do que se trataria. Verifiquei, então, referir-se às tensões provocadas pela prática. Assim, uma experiência pessoal acerca-se de paradoxal quando traz conhecimentos sobre o tema que são difíceis de serem obtidos sem que haja a experiência, vale dizer, há uma responsabilidade com a representatividade da experiência de fato vivenciada para se admitir um rótulo de conhecedor, de digno de confiança profissional. Por mais que um médico conheça textos sobre tempos de uma cirurgia comum, quantas deve efetuar para ser considerado um cirurgião capacitado para a operação?

O exercício clínico, em particular, é pleno de tensões entre princípios da Bioética e recomendações éticas. Conhecer a teoria é relativamente fácil, basta o médico debruçar-se sobre diretrizes clínicas para adquirir conhecimento sobre condutas clínicas recomendadas e sobre o Código de Ética Médica para obter orientação sobre atitudes com o paciente. Aprende-se o sinal verde e o sinal vermelho, mas, a prática eclode o sinal amarelo, piscante, alerta, exigente de rápida decisão: prosseguir ou deter-se?

A imperiosidade da aplicação da medicina na beira do leito é que faz com que dilemas, desafios e conflitos aconteçam, sejam vivenciados e determinem tensões/paradoxos, algo como a “teoria na prática é diferente”. Saturações e lacunas se apresentam de modo calidoscópico quando alternamos o foco no saber teórico-proposicional (saber o que fazer) e no saber operativo (fazer com saber). A maturidade profissional além de indicar que a formação de um médico não se esgota no desenvolvimento das competências profissionais, exige a constituição de um sujeito, ensina que variantes da prática são infinitas ainda que, em princípio, sustentadas em mesmos fundamentos teóricos.

É possível? Deve ser feito? É desejado? São as três questões que se integram perfazendo paradoxos. Há sempre o potencial da influência de conflitos de interesses, mas muito mais de interesses (sinceros) em conflito, aliás desde Belmont pela teorização da Beneficência e da Autonomia. Tratando-se de relações humanas plurais, é altamente provável divergências de interpretação a respeito da hierarquização entre estes dois princípios, especialmente após evoluções. Fato que insere o valor da Prudência à Autoridade Moral da Experiência.

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