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1280- Em detrimento de. Privilégio e Bioética (Parte 4)

A profissão é um divisor de águas neste sentido da cultura do privilégio e quem pensa que jamais sentirá sede por esta água... nada sabe. Vontades têm geração espontânea em bolhas de momentos de percepção que o mundo gira em torno de nosso umbigo. Ninguém é impermeável de ser possuído pela visão de imprescindível atendimento a um capricho ou isento de figurar o alvo como um troféu, de correr atrás de agentes facilitadores para que receba a “encomenda” como uma comenda, se afirmar VIP, alguns até de se considerar um semideus. Conheci alguns… No ecossistema da beira do leito, ninguém está sozinho e, assim, comportamentos autoritários/inquestionáveis/insatisfatórios/injustos provocam desconfortos e potencializam conflitos. Incessantes providências são acionadas, consensos são escassos e carrosséis se renovam. Muita energia, poucos avanços sobre o vigente. Vias tortuosas  surgem, controles e descontroles revezam-se.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

É uma “resolução” curiosa. O prazo de 2 anos é considerado preservador da competência e admite o aval do passado, após este período vale tão somente o presente, sendo que, provavelmente, o operando-prova, ao mesmo tempo, tem confiança no seu médico e desconhece sua situação de “teste” e a suposição da atuação desqualificada. Traz à mente a expressão “boi de piranha”, um sacrifício para livrar outros, ipso facto alertas morais sobre “a medicina de cada médico(a)” no ecossistema da beira do leito.

Cidadão(ã) pela posse de um CPF e médico(a) pela posse de um CRM, agente da medicina  – mas sempre uma pessoa ao mesmo tempo ligado e independente dos outros, não custa enfatizar- atua na sociedade sob influência do trio caráter/personalidade/temperamento interligado aos efeitos da sua formação pré-profissional (família, escola, amigos, influência das artes), da formação profissional (maneiras de interação com a medicina após a entrada na faculdade) e das disposições sociais, culturais, econômicas e políticas do Brasil. Em seus caminhos, é praticamente impossível o médico(a)-cidadão(ã) ficar alheio a decorrências de uma cultura de privilégio, quer como beneficiário, quer como prejudicado, pois segundo Sergio Buarque de Holanda (1902-1982) em seu livro Raízes do Brasil, ela está enraizada pelo desenvolvimento histórico de nossa sociedade. Em analogia ao início de Anna Karenina de Leon Tolstoi (1828-1910): Cada médico(a) ao longo de sua carreira se sente privilegiado ou desprivilegiado, cada um a sua maneira.

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